A espera chegou ao fim. Cerca
de 80 mil fiéis se reuniram na Praça São Pedro para testemunhar um momento
histórico. Durante a cerimônia de canonização realizada neste domingo, 7, o
Papa Leão XIV proclamou: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati são santos.
Antes de iniciar a celebração,
o Pontífice surgiu na Praça para acolher os presentes. Em sua breve fala,
definiu este dia como uma “festa belíssima”, ressaltando a alegria deste
momento e, de forma especial, saudou os jovens presentes em Roma.
No início da Missa, o prefeito
do Dicastério para as Causas dos Santos, Cardeal Marcello Semeraro, apresentou
uma breve biografia de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati e o pedido para que
ambos tenham seus nomes inscritos no Catálogo dos Santos. Em seguida, foi
entoada a Ladainha dos Santos, clamando a intercessão daqueles que já estão no
céu, e o Papa pronunciou solenemente a fórmula da canonização:
“Para honra da Santa e
Indivisível Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida
cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos
Pedro e Paulo e Nossa, após madura deliberação e muitas vezes implorada a ajuda
divina, com o conselho de muitos irmãos nossos, decidimos e definimos Santos os
Beatos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, inscrevemo-los no Catálogo dos
Santos e estabelecemos que em toda a Igreja sejam devotamente honrados entre os
Santos. Em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo”.
Concluindo este momento, o
Cardeal Semeraro agradeceu ao Santo Padre pela canonização dos dois jovens. A
celebração prosseguiu com a Liturgia da Palavra, cujas Primeira e Segunda
Leituras foram feitas pelo irmão de Carlo Acutis, Michele, e pelo vice-presidente
da Ação Católica Italiana – movimento do qual Pier Giorgio Frassati fez parte
–, Lorenzo Zardi.
Entrega total a Deus
Em sua homilia, Leão XIV
definiu como providencial a pergunta realizada por Salomão na Primeira Leitura:
“[Senhor,] quem conhecerá a tua vontade, se não lhe deres a sabedoria, e não
enviares o teu santo espírito lá do céu?” (Sb 9,17). Segundo o Pontífice, tal
questionamento surge quando o jovem rei, após a morte de seu pai Davi, percebeu
que tinha muitas coisas e se perguntou o que devia fazer para que nada daquilo
se perdesse.
O Papa indicou que Salomão
compreendeu que a única maneira de encontrar uma resposta era pedir a Deus a
Sua Sabedoria, a fim de conhecer os Seus projetos e aderir fielmente a eles.
“Na verdade, ele percebeu que só assim tudo encontraria o seu lugar no grande
desígnio do Senhor. Sim, porque o maior risco da vida é desperdiçá-la fora do
projeto de Deus”, acrescentou.
Voltando-se para o Evangelho
(Lc 14,25-33), o Pontífice ressaltou o ensinamento de Jesus, que frisa ao povo
que quem não tomar a sua cruz para segui-Lo e não renunciar a tudo o que
possui, não pode ser Seu discípulo.
“Assim, convida-nos a aderir
sem hesitação à aventura que Ele nos propõe, com a inteligência e a força que
vêm do Seu Espírito e que podemos acolher na medida em que nos despojamos de
nós mesmos, das coisas e ideias às quais estamos apegados, para nos colocarmos
à escuta da Sua palavra”, explicou o Santo Padre.
Leão XIV pontuou que muitos
jovens, ao longo da história, tiveram de tomar essa decisão, citando o exemplo
de São Francisco de Assis. “E quantos outros santos e santas poderíamos
recordar”, prosseguiu, indicando que “às vezes, nós os retratamos como grandes
personagens, esquecendo que tudo começou para eles quando, ainda jovens,
responderam ‘sim’ a Deus e se entregaram totalmente a Ele, sem guardar nada
para si mesmos”.
O testemunho de São Carlo
Acutis e São Pier Giorgio Frassati
O Papa salientou como São Pier
Giorgio Frassati e São Carlo Acutis eram apaixonados por Jesus e prontos a dar
tudo por Ele. O primeiro encontrou o Senhor por meio da escola e dos grupos
eclesiais, testemunhado-O com a alegria de viver e ser cristão na oração, na
amizade e na caridade.
“Ainda hoje, a vida de Pier
Giorgio representa uma luz para a espiritualidade leiga. Para ele, a fé não era
uma devoção privada: impulsionado pela força do Evangelho e pela pertença a
associações eclesiais, comprometeu-se generosamente na sociedade, deu o seu
contributo à vida política, dedicou-se com ardor ao serviço dos pobres”,
declarou.
Em relação a São Carlo Acutis,
o Pontífice sublinhou que o adolescente encontrou a Cristo na família, na
escola e sobretudo nos sacramentos. “Assim, cresceu integrando naturalmente nas
suas jornadas de criança e adolescente a oração, o desporto, o estudo e a
caridade”, apontou.
“Ambos, Pier Giorgio e Carlo,
cultivaram o amor a Deus e aos irmãos através de meios simples, ao alcance de
todos: a Santa Missa diária, a oração, especialmente a Adoração Eucarística”,
frisou o Santo Padre. Ele destacou ainda como os dois jovens santos valorizavam
a confissão e nutriam uma grande devoção aos santos e a Nossa Senhora e
praticavam generosamente a caridade, sobretudo por meio de pequenos gestos
concretos.
Fazer da vida uma obra-prima
Por fim, Leão XIV observou
que, mesmo quando a doença os atingiu e ceifou suas jovens vidas, Pier Giorgio
e Carlo seguiram amando. Oferecendo suas dores a Deus, ambos continuaram a
bendizê-Lo e orar por si próprios e por todos. “Carlo gostava de dizer que o
Céu nos espera desde sempre, e que amar o amanhã é dar hoje o melhor de nós
mesmos”, expressou.
“Os santos Pier Giorgio
Frassati e Carlo Acutis são um convite dirigido a todos nós – especialmente aos
jovens – a não desperdiçar a vida, mas a orientá-la para cima e a fazer dela
uma obra-prima. Eles encorajam-nos com as suas palavras: «Não eu, mas Deus»,
dizia Carlo. E Pier Giorgio: «Se tiveres Deus no centro de todas as tuas ações,
então chegarás até ao fim». Esta é a fórmula simples, mas vencedora, da sua
santidade. E é também o testemunho que somos chamados a seguir, para saborear a
vida até ao fim e ir ao encontro do Senhor na festa do Céu”, concluiu o Papa.
Via: Canção Nova


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