O Rio Grande do Norte
registrou aumento de produção em culturas agrícolas que ainda são incipientes
no Estado. É o que apontam os números da Produção Agrícola Municipal (PAM), do
IBGE, com dados de 2024, que registrou aumento na produção de café e uva no RN,
bem como o registro, pela primeira vez, da produção de soja e açaí em
território potiguar. Aliado a isso, mesmo com queda na produção, o Estado segue
na dianteira na produção de melão no Brasil, com 505.212 toneladas do fruto
colhidas no último ano. Já a Cana-de-Açúcar segue na liderança da agricultura
do RN em quantidade produzida, com 3,85 milhões de toneladas em 2024.
Segundo os dados do IBGE, a
produção de soja no Rio Grande do Norte alcançou 240 toneladas, um número
pequeno diante das mais de 144 milhões de toneladas produzidas no país. É a
primeira vez que o grão mais produzido do Brasil é registrado em território potiguar.
Foram 100 hectares plantados e colhidos na microrregião do Vale do Açu, com um
rendimento médio de 2,4 mil quilogramas por hectare e R$ 600 mil em valor
gerado para produtores. O açaí teve 20 toneladas produzidas no último ano, com
valor total de produção de R$ 200 mil.
O plantio de uva no Rio Grande
do Norte, registrado pelo IBGE desde 2016, cresceu em 2024 com mais três
hectares plantados e colhidos identificados pela primeira vez no Leste
potiguar, somando-se aos oito hectares que já vinham sendo destinados à cultura
na região Oeste, a partir de 2023. No total, foram 125 toneladas produzidas no
estado, com R$ 900 mil pagos aos produtores.
A produção de café arábica em
grão, que aparece em uma área de três hectares no Agreste Potiguar, mais que
dobrou entre 2023 e 2024, saindo de três para sete toneladas produzidas, com
valor de produção de R$ 105 mil.
Na avaliação de Guilherme
Saldanha, secretário de Agricultura e Pesca do RN (Sape), o surgimento dessas
novas culturas é positivo para o Estado uma vez que há melhoria de
competitividade para o produtor potiguar.
“O RN tem se destacado na
fruticultura, tem tido grandes investimentos, especialmente aqui na região do
Vale do Ceará-Mirim e Touros, nessa área de café e açaí, também ocorrendo nas
regiões lá do Oeste. Temos uma questão de uva, com algumas empresas se instalando,
estamos com duas indústrias de vinhos, uma em Martins e outra em Monte Alegre.
E os grãos chegando com mais força, obviamente em áreas irrigadas, como no
projeto Baixo-Açu, onde já existe uma produção de milho concentrada, mas também
milho sendo associado com lavouras de melão no período das chuvas, como também
a soja começando os primeiros experimentos, tanto lá na região do Vale do Açu,
quanto na região de Touros”, explica Guilherme Saldanha.
Para o presidente da Federação
da Agricultura do Rio Grande do Norte (Faern), José Vieira, a chegada de novas
culturas representa uma diversificação importante na agricultura potiguar,
trazendo novas oportunidades econômicas e reduzindo a dependência de culturas
tradicionais.
“Diferentes regiões estão
apostando em alternativas viáveis e promissoras, pois além dessas culturas já
há plantio de cacau, por exemplo, até mesmo em consórcio com o açai. A
Federação está acompanhando esse movimento de perto, oferecendo suporte técnico
e incentivando os produtores, além de estar atenta para demandar políticas
públicas que fortaleçam essa nova fase da produção rural no RN”, disse.
O presidente do Comitê
Executivo de Fruticultura do RN (Coex-RN), Fábio Queiroga, aponta que essas
culturas que surgem no Estado são para estudos e análises de viabilidade para
futuros negócios.
“Isso é importante pelo fato
de serem iniciativas com o objetivo de identificar viabilidade de negócios, mas
ainda é muito incipiente, não representa muito na nossa balança comercial. São
áreas com o objetivo de identificar a factibilidade do negócio sob nossas
condições. O café é uma cultura de clima mais frio, então é uma atividade
experimentada nas regiões de maior altitude no Estado; o açaí já tem uma
perspectiva melhor; a uva, temos um pesquisador da Ufersa que vem trabalhando a
adaptabilidade dessa fruta na nossa região a partir do que já foi identificado
e ajustado para as condições do Vale do São Francisco, que se aproximam das
nossas condições. Têm sua relevância em caráter experimental para se iniciar
essas atividades aqui, a fim de se conhecer mais delas”, cita Queiroga.


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