O
pensador Olavo de Carvalho morreu na madrugada de hoje (25), aos 74
anos, em um hospital em Richmond, na Virgínia, Estados Unidos, onde
estava internado. A família não informou a causa de sua morte. Há
nove dias, ele foi diagnosticado com Covid.
Dito
como “conservador” e de “direita”, Olavo ficou conhecido por
ser o “guru” do Jair Bolsonaro. O próprio presidente publicou no
Twitter que “Olavo foi um gigante na luta pela liberdade e um farol
para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos
marcarão para sempre”. Nascido em Campinas (SP) em 1947,
interessou-se por filosofia desde a adolescência. Nunca teve uma
carreira acadêmica formal, o que o levou a ser acusado por
detratores, ao longo da vida, de não merecer ser chamado de
filósofo.
O
único curso formal de filosofia que fez foi na PUC do Rio de
Janeiro, mas não chegou a completá-lo. Tornou-se autodidata e
recorreu a professores particulares, conforme narrou na biografia
oficial que consta de seu site. “Não
tendo encontrado, na época, cursos universitários de boa qualidade
sobre os tópicos que eram de seu interesse, abdicou temporariamente
dos estudos universitários formais e buscou professores particulares
e conselheiros qualificados que o orientassem”, diz o site. Durante
toda a vida, foi um entusiasta do ensino domiciliar, livre da
influência esquerdista que via no sistema formal.
Aos
18 anos, começou a colaborar com veículos de imprensa, numa relação
que duraria décadas, o que não evitaria que, na fase final da vida,
atacasse de forma dura e frequente a mídia. Trabalhou como redator,
repórter, copy desk (função hoje extinta) e colunista na Folha,
Jornal da Tarde, O Globo, Zero Hora e publicações menores.
A
partir da década de 1970, ampliou sua área de interesse, antes
restrita à filosofia e ao jornalismo, para outros campos, como
lógica, retórica, gramática e, para deleite de seus detratores,
astrologia. Aos que o ridicularizavam por guiar-se pelos corpos
celestes, Olavo respondia que o estudo da astrologia existe há
milênios, e que é parte indissociável da formação cultural da
humanidade.
Como
ocorre com frequência na direita, ele recebeu seu batismo político
na esquerda. Na juventude, chegou a flertar com o Partido Comunista
Brasileiro e ter uma breve militância contra a ditadura, logo
abandonada. Segundo ele, o comunismo era inconciliável com sua
crença da preponderância do individual sobre o coletivo.
Na
autodefinição de seu site oficial, a tônica da obra de Olavo é “a
defesa da interioridade humana contra a tirania da autoridade
coletiva, sobretudo quando escorada numa ideologia ‘científica’”.
A partir do momento em que se desiludiu com a esquerda, passou a
dedicar-se à desconstrução do mais importante formulador do
socialismo científico, Karl Marx.