Neste domingo, 28 de outubro,
novamente iremos às urnas para eleger o Presidente da República e o Governante
do nosso Estado. Todos são conscientes de que o momento politico está complexo
e bastante polarizado. A Igreja, instituída por Jesus Cristo para o anúncio do
Evangelho, reconhece que a sua palavra não pode ser a apresentação de um
Evangelho desencarnado. Na verdade, a história da Igreja é longa na orientação
de uma relação clara e harmoniosa entre fé e vida, doutrina dogmática e
doutrina social. Ela, por natureza, não deve se envolver em “política
partidária”.
A
Igreja assume a sua posição, tanto no Concílio Vaticano II quanto na sua
Doutrina Social, de considerar o exercício da política como realidade de
altíssimo valor e necessário para o bom desenvolvimento da sociedade: “A Igreja
que, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com a
sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é ao mesmo
tempo o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana” (CONCÍLIO
VATICANO II. Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo
Gaudium et spes, n. 76). “A pessoa humana é fundamento e fim da convivência
política. Dotada de racionalidade, é responsável pelas próprias escolhas e
capaz de perseguir projetos que dão sentido à sua vida, tanto no plano
individual como no plano social” (PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Compêndio
da Doutrina Social da Igreja, n. 384). A Igreja também afirma: “Considerar a
pessoa humana como fundamento e fim da comunidade política significa
esforçar-se, antes de mais, pelo reconhecimento e pelo respeito da sua
dignidade mediante a tutela e a promoção dos direitos fundamentais e
inalienáveis do homem” (PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Idem, n. 388).
Sabemos que o clima fica sempre tenso quando temos que exercitar a nossa
cidadania com o voto. Ninguém desconsidera ou minimiza que a politica
partidária gera paixões, sentimentos acalorados e, às vezes, até extremos. Outras
realidades em que escolhas, gostos, preferências por determinados pontos de
nossa convivência, geram esses sentimentos. Mas, nunca podemos esquecer: somos
cristãos. E para nós, ainda valem aquelas formidáveis palavras do autor da
Carta a Diogneto, escrita no século II: “Os cristãos não se distinguem dos
demais homens, nem pela terra, nem pela língua, nem pelos costumes. Nem, em
parte alguma, habitam cidades peculiares, nem usam alguma língua distinta, nem
vivem uma vida de natureza singular…Casam como todos e geram filhos, mas não
abandonam à violência os recém-nascidos. Servem-se da mesma mesa, mas não do
mesmo leito. Encontram-se na carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na
terra e são regidos pelo céu. Obedecem às leis estabelecidas e superam as leis
com as próprias vidas. Amam todos e por todos são perseguidos”.
Nunca
é demais ressaltar o magistério de Papa Francisco que nos orienta neste
caminho: “[Política]poderia ser traduzido também como serviço inestimável de
dedicação para a consecução do bem comum da sociedade. A política é antes de
mais serviço; não é serva de ambições individuais, de prepotência de facções e
de centros de interesses. Como serviço, nem sequer é dona, pretendendo regular
todas as dimensões da vida das pessoas, recorrendo até a formas de autocracia e
totalitarismo” (FRANCISCO. Mensagem vídeo aos participantes no Encontro de
Políticos Católicos, organizado pelo Conselho Episcopal Latino-americano –
CELAM e pela Pontifícia Comissão para a América Latina – CAL. Bogotá/Colômbia, 1
a 3 de dezembro de 2017).
Que
no próximo domingo, todos, cidadãos e cidadãs, possam ir às urnas, conscientes
e determinados a colaborar pelo futuro do País e do nosso Estado.
Arquidiocese
de Natal
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