A polícia sul-coreana e
agentes do gabinete anticorrupção do país desistiram de prender o presidente
afastado Yoon Suk Yeol nesta sexta-feira (3) devido à resistência de membros
dos serviços de segurança presidencial, que impediram o acesso dos agentes à
residência de Yoon.
Do lado de fora da residência
haviam manifestantes protestando contra o mandado de prisão, expedido pela
Justiça coreana na última segunda-feira (30). Com os protestos e a resistência
dos guardas presidenciais, o gabinete considerou a prisão de Yoon “praticamente
impossível devido ao impasse em curso”. O comunicado do órgão diz que “a
preocupação com a segurança do pessoal no local levou à decisão de interromper
a execução” e que os próximos passos serão decididos após uma revisão.
O gabinete tem até
segunda-feira (6) para executar o mandado de prisão pelas acusações de
insurreição e abuso de poder relacionados à tentativa de autogolpe de Yoon em 3
de dezembro. A colaboração dos seguranças oficiais na investigação era incerta
desde o início. Nas últimas semanas, membros da força bloquearam diversas vezes
mandados de busca para a residência presidencial.
Os investigadores até
conseguiram, nesta sexta-feira, acessar a residência do presidente afastado,
mas soldados da segurança de Yoon “entraram em confronto com o gabinete”, disse
à AFP um funcionário do Estado-Maior Conjunto do país. As equipes de segurança
de Yoon disseram à AFP que estavam “em negociações” com investigadores que
tentam executar o mandado de prisão.
Yoon Kap-keun, advogado do
presidente, insistiu nesta sexta-feira que a ordem de prisão é “ilegal e
inválida” e que, portanto, a sua execução “é ilegítima”. “Ações legais serão
tomadas em relação à execução ilegal da ordem”, disse ele. Segundo a imprensa
sul-coreana, o objetivo do gabinete anticorrupção é prender Yoon e transferí-lo
para interrogatório em Gwacheon, a 13 quilômetros da capital, Seul.
Depois disso, ele pode
continuar detido por até 48 horas sob o atual mandado de prisão. Para mantê-lo
preso por mais tempo, os investigadores deverão solicitar outra ordem à
Justiça. O presidente está afastado do cargo desde 14 de dezembro, quando a
Assembleia Nacional do país aprovou seu impeachment. No sistema político
sul-coreano, após a aprovação do legislativo, o presidente é afastado e o
Tribunal Constitucional decide, em até 180 dias, se ele perde o posto ou não.
A crise começou em 3 de
dezembro, quando Yoon declarou lei marcial e agentes do exército tentaram
impedir que a Assembleia votasse a implantação do decreto. Segundo um documento
divulgado pela promotoria do país no sábado (28), o presidente disse ao chefe
do comando de Defesa de Seul, Lee Jin-woo, que as forças militares poderiam
disparar, caso necessário, para entrar no local.
“Eles [militares] ainda não
entraram? O que estão fazendo? Arrombe a porta e tire-os [parlamentares] de lá,
mesmo que seja atirando neles”, disse Yoon a Lee.
Via: Folha
de São Paulo
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