Ana Luiza foi aprovada na
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Ana Caroline na Universidade
Estadual do Piauí (Uespi). “Estávamos há três anos tentando alcançar esse
sonho. Assim que saí do ensino médio, tive dúvidas se de fato era isso que eu
queria. Talvez por ser um curso muito concorrido, tinha medo de não conseguir.
Cogitei fazer Medicina Veterinária, cheguei a passar na Ufersa em Mossoró, mas
resolvi não cursar. Naquele dia, decidi que ia dar meu máximo para conseguir
ser médica”, contou Luiza.
Desde a infância, Carol e
Luiza estudaram juntas, passando por todas as etapas escolares, incluindo o
ensino técnico de apicultura no Instituto Federal (IF). Em 2022, as duas se
mudaram para Brasília, onde começaram a estudar por cursinhos online. “Sempre
apoiamos uma à outra, nos cobrando de forma positiva e uma tirando as dúvidas
da outra nas matérias em que éramos melhores. Nos últimos três anos, além de
irmãs de sangue, fomos irmãs do mesmo sonho”, disse Luiza.Em 2023, as gêmeas
conseguiram uma bolsa integral em um cursinho, em Fortaleza, e decidiram focar
completamente na preparação.
“Tivemos uma rede de apoio
muito grande, amigos potiguares que, além de dividir a rotina cansativa de
estudos, simulados e provas, dividiam os medos e incertezas. Isso tornou o
processo um pouco mais leve”, explicou. O resultado veio nesta segunda-feira
(27), após um dia inteiro de expectativa. “Estávamos dormindo quando minha mãe
chegou gritando no nosso quarto dizendo que o resultado tinha saído. Abrimos o
site e estava lá, como a gente sempre sonhou: ‘Você foi selecionado na chamada
regular’. Indescritível poder ler isso”, disse.
A aprovação foi comemorada por
toda família, que sonhava com esse dia junto com as irmãs. “Viemos de uma
família com poucas oportunidades de estudo. Meus pais nem sequer concluíram o
ensino fundamental. Seremos as primeiras médicas da nossa família e uma das
poucas pessoas com ensino superior. É um significado ímpar pra gente”, contou
Luiza.
Sobre o significado da
aprovação, Luiza definiu como “uma sensação de alívio e dever cumprido, um peso
tirado das costas”. Para ela, a conquista também representa a oportunidade de
“romper com um ciclo de falta de oportunidades e de ensino”. Apesar da alegria,
as irmãs agora enfrentam o desafio de se separarem pela primeira vez, já que
foram aprovadas em universidades diferentes.
“Estamos receosas porque,
depois de 21 anos compartilhando rotina e amigos, vamos nos separar. Mas
teremos sempre uma à outra, seja pelas chamadas de telefone ou em pensamento.
Somos e sempre seremos parte uma da outra”, completou Luiza.
Via: G1 RN
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