Uma ferramenta de inteligência
artificial desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense
(UFF) pode facilitar a detecção de enfisema pulmonar ou câncer de pulmão em
exames de tomografia computadorizada. As duas doenças podem se agravar de forma
silenciosa durante anos, o que aumenta a importância do diagnóstico oportuno.
A ferramenta, chamada de
ChestFinder, está sendo treinada para analisar bancos de dados abastecidos com
imagens e laudos de outros pacientes, e identificar padrões visuais e textuais
que indiquem a presença das doenças. O estudo foi iniciado há
cerca de dois anos, no Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói, ligado
à UFF. Os primeiros resultados mostram que a ferramenta apresentou acurácia e
sensibilidade significativas.
É importante ressaltar que a
ferramenta não fornece um diagnóstico, ela apresenta uma possível
indicação que deve ser avaliada por um profissional. Entretanto, já com essa
indicação, pacientes poderão ser encaminhados para acompanhamento especializado
de forma mais rápida, o que ajuda na elaboração de diagnósticos precoces”,
ressalta o professor Daniel de Oliveira, do Instituto de Computação da
Universidade Federal Fluminense.
De acordo com ele, a
ferramenta será disponibilizada em repositório público, para que possa ser
aplicada em outros hospitais que já armazenam laudos e exames digitalmente. O
ChestFinder permite também que os médicos encontrem outros resultados
compatíveis ou semelhantes aos do paciente, para analisá-los comparativamente,
de acordo com o contexto clínico.
Além disso, de acordo com a
professora do Departamento de Radiologia da Universidade Federal Fluminense
Cristina Asvolins, o software pode sinalizar indício das doenças mesmo quando
esse não for o objetivo principal do exame.
“Em qualquer serviço de
diagnóstico por imagem onde o paciente realizou o exame de tomografia
computadorizada de tórax, o resultado pode apresentar como achado incidental o
enfisema ou nódulo suspeito. Por exemplo, serviços de emergência, onde esses
achados não são o foco principal do exame”, complementa a professora.
Cristina Asvolins destaca
também que a inteligência artificial pode diminuir o tempo de
espera até a confirmação do diagnóstico, e o custo econômico, já que tanto
o enfisema como o câncer demandam menos intervenções quando descobertos em fase
inicial, e têm um fator de risco bastante comum:
“O vício do fumo do tabaco é
um complexo problema de saúde pública, econômico e social, e qualquer
intervenção que possa contribuir para melhoria no diagnóstico será benéfico
para a saúde da população. Descobrir um câncer, por exemplo, como de pulmão,
numa fase inicial onde existe possibilidade de tratamento, traz muitos
benefícios para o paciente e para a rede de saúde, seja pública ou privada.”


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