Uma afta que demora mais de 15
dias para cicatrizar pode ser mais do que um incômodo passageiro. Segundo
Edilson Pinho, cirurgião de cabeça e pescoço, esse tipo de lesão persistente
está entre os sinais que exigem investigação médica. O médico alerta para
sintomas que, embora comuns, podem indicar tumores na boca, garganta, laringe,
tireoide e até na pele.
O foco do alerta é a campanha
Julho Verde, voltada à conscientização sobre os cânceres de cabeça e pescoço. A
proposta é ampliar o conhecimento sobre os fatores de risco e os caminhos para
o diagnóstico precoce. “Ferida que não cicatriza, rouquidão, dificuldade de
engolir ou dor de garganta que dure mais de 15 dias devem ser investigadas.
Isso não quer dizer que é câncer, mas é o tempo que exige atenção”, explicou o
médico, em entrevista à TV Tropical.
No caso da tireoide, o principal sinal costuma ser o aparecimento de um nódulo no pescoço, o famoso “caroço”, que cresce de forma progressiva. Já nos cânceres de cavidade oral e laringe, podem surgir feridas, dores, dificuldade para engolir ou falar, alterações vocais e desconfortos persistentes que imitam inflamações. “A persistência do sintoma é o que deve acender o alerta”, reforçou. A exposição solar, por sua vez, é o principal vilão nos casos de câncer de pele. A recomendação é o uso de proteção mesmo nos dias nublados, sobretudo para quem trabalha ao ar livre.
Durante todo o mês, a Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer, em parceria com a UFRN e prefeituras do Estado, está promovendo ações em cidades como Natal, Currais Novos e São Paulo do Potengi. As atividades envolvem triagens com médicos e dentistas, atendimento assistencial e orientação da população, especialmente nos postos de saúde. “A ideia é prevenir e, ao mesmo tempo, identificar precocemente possíveis casos, em parceria com profissionais locais”, disse Edilson.
Os fatores de risco mais
frequentes para os tumores da região da cabeça e pescoço envolvem o tabagismo,
o consumo de álcool e a exposição solar, no caso dos cânceres de pele. O médico
também chamou atenção para o impacto do vírus HPV, especialmente nos casos de
câncer de garganta, e para o uso do cigarro eletrônico. “As substâncias
presentes no ‘vape’ também são cancerígenas. Já temos evidência mostrando
relação com câncer de boca e garganta”, afirmou.
Outro ponto abordado é a
prevenção por meio da vacinação. A imunização contra o HPV, disponível no SUS
para adolescentes, é uma ferramenta essencial para evitar infecções que mais
tarde podem se transformar em tumores. “O aumento do câncer de garganta no
Brasil está muito ligado a isso. Vacinar as crianças hoje é uma forma de
proteger os adultos de amanhã”, afirmou o cirurgião.
Além de maus hábitos como
tabagismo e alcoolismo, até próteses dentárias mal posicionadas podem causar
inflamação crônica e se tornarem fatores de risco para lesões malignas. “Tudo
que gera agressão constante pode virar uma porta de entrada para o câncer”,
alertou o médico.
A campanha, que busca chamar
atenção para um tema ainda pouco discutido, aposta na informação como melhor
ferramenta de combate. “Quando o paciente chega ao consultório com um sintoma
que já está ali há semanas, muitas vezes ele perdeu a chance de tratar de forma
mais simples. A gente quer que as pessoas entendam que, quanto antes, melhor”,
concluiu Edilson.
VIA: Agora RN


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