Em uma medida rara e
surpreendente, o governo da Nicarágua, liderado pelo ditador Daniel Ortega,
nomeou um embaixador no Afeganistão, estreitando os laços com o regime dos
talibãs. Segundo informações do site O Antagonista, Michael Campbell, que
atualmente atua como embaixador da Nicarágua na China, assumirá a função
adicional de embaixador no Afeganistão, operando de seu escritório em Pequim.
Rosario Murillo, vice-presidente e esposa de Ortega,
agradeceu publicamente ao governo afegão pela aceitação de Campbell como
embaixador. “Agradecemos ao Emirado Islâmico do Afeganistão, a esse povo, a
esse governo, pelo beneplácito que entregou a nosso companheiro, Michael
Campbell”, afirmou Murillo, conforme noticiado pelo canal pró-governo El 19
Digital.
Com esta decisão, a Nicarágua se torna um dos poucos países
a credenciar diplomatas junto ao governo do Afeganistão. Os talibãs reassumiram
o poder em agosto de 2021, após a retirada das tropas dos Estados Unidos e seus
aliados.
A aproximação da Nicarágua com o regime dos talibãs ocorre
num contexto de intensificação da repressão interna, particularmente contra a
Igreja Católica. Desde as manifestações de 2018, o regime de Ortega tem
perseguido opositores, prendendo bispos, sacerdotes e seminaristas, provocando
reações das democracias mundiais.
A repressão à Igreja Católica reflete o esforço do regime
de Ortega para silenciar vozes dissidentes. A Igreja, que tem uma longa
tradição de defesa dos direitos humanos e da democracia na Nicarágua, apoiou as
demandas por reformas democráticas, tornando-se um desafio ao controle
autoritário de Ortega. A postura crítica da Igreja às políticas do governo a
torna um importante contraponto político e moral ao regime, que busca
consolidar seu poder através da intimidação e do silenciamento de opositores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário