A Justiça da Espanha condenou,
nesta segunda-feira (10), três torcedores do time de futebol Valência, acusados
de proferirem insultos racistas contra o brasileiro Vinicius Jr, durante
partida do campeonato espanhol, em maio do ano passado. O trio também ficou
proibido de ir a estádios durante dois anos. Os três foram considerados
culpados na acusação de delito contra a integridade moral, com agravante de
discriminação por motivos racistas.
Em matéria, a Folha de São Paulo apura que a LaLiga,
responsável pelo campeonato espanhol, declarou que esta é a primeira sentença
condenatória deste tipo na Espanha como consequência da denúncia feita pela
própria liga. “Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que
minha luta era em vão e que eu deveria apenas jogar futebol. Mas, como sempre
disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira
condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos”,
escreveu o jogador em rede social.
“Que os outros racistas tenham
medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para
cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação
histórica. Vem mais por aí…” complementou. Segundo o Real Madrid, o trio
escreveu uma carta pedindo desculpas ao atacante brasileiro. “Os três acusados
assumiram a sua responsabilidade criminal e tornaram pública uma carta de
desculpas dirigida ao nosso jogador Vinicius Junior, ao Real Madrid e às
pessoas que se sentiram ofendidas e ofendidas”, informou o clube em nota.
Javier Tebas, presidente da
entidade e que já esteve envolvido em escândalos ligados aos ataques racistas
direcionados contra Vinicius Jr., afirmou que “esta sentença é uma grande
notícia para a luta contra o racismo na Espanha, já que repara o dano sofrido
por Vinicius Jr. e lança uma mensagem clara às pessoas que vão a um estádio de
futebol para insultar: de que a La Liga os detectará, denunciará e haverá
consequências penais para eles”. No episódio em que o atleta foi chamado de
macaco e fez uma critica publica à falta de punições na liga espanhola, Tebas
insinuou, no Twitter, que o jogador estava sendo manipulado e que não deixaria
o brasileiro manchar a imagem da competição.
Vinicius Junior foi ao ataque com fotos, vídeos e mensagens
ressaltando episódios de racismo sofridos por ele e outros jogadores. O
atacante recebeu apoio de nomes do esporte e de autoridades. Na sequência,
Tebas pediu desculpas, e a La Liga lançou uma série de medidas de combate à
discriminação racial no futebol. “Entendo que possa haver certa frustração pelo
tempo que essas sentenças levam para ser proferidas, mas isso demonstra que a
Espanha é um país garantista a nível judicial”, acrescentou o presidente da
LaLiga.
Insultos racistas
O caso que levou à condenação ocorreu em maio de 2023. Os
insultos começaram por volta dos 15 minutos do segundo tempo, quando o
brasileiro sofreu uma falta e foi chamado de “mono” (macaco, em espanhol) por
torcedores adversários. Os xingamentos continuaram, a ponto de o locutor do
estádio intervir pedindo o fim dos gritos, para que a partida não fosse
suspensa.
Já nos acréscimos, depois de Vinicius identificar um dos
torcedores e denunciá-lo para a arbitragem com gestos, jogadores das duas
equipes trocaram empurrões. O brasileiro recebeu um “mata-leão” do atacante
Hugo Duro e, ao se desvencilhar, atingiu o jogador do Valência no rosto —a ação
foi punida com o cartão vermelho. Após a partida, o técnico do Real Madrid,
Carlo Ancelotti, saiu em defesa de Vinicius e classificou o ocorrido como
“inaceitável”.
“O ambiente estava muito
tenso, muito ruim, perguntei se ele queria continuar em campo. O fato de pensar
que tenho que tirá-lo por causa de racismo não me parece certo. Eu devo tirar
um jogador se ele não está jogando bem, mas pensar em tirar um jogador por
racismo, nunca aconteceu comigo.”
Via: Bahia
BA
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