Ercília de Lima, 41, emocionou
os médicos do Hospital das Clínicas, em São Paulo, ao deixar a UTI após
um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que a deixou “perto da morte”.
Ela foi salva por uma trombectomia mecânica, técnica que reduz em quase três
vezes as sequelas do AVC isquêmico, a principal responsável por incapacidade
motora no mundo.
Aprovada no SUS em 2021, a técnica ainda não foi incorporada pelo governo, deixando cerca de 73 mil pacientes sem o tratamento desde então. Mas a técnica ainda usada no SUS é a trombólise: um remédio dissolve o coágulo desde que ministrado quatro horas e meia após os sintomas. Consolidada em estudos internacionais na década passada, a trombectomia mecânica é uma cirurgia pouco invasiva. Ela é recomendada para o AVC isquêmico, quando um vaso no cérebro é obstruído por um coágulo. Esse tipo de derrame equivale a 80% de todos os AVCs, segundo o Ministério da Saúde. A trombectomia desobstrui o vaso em 77% dos casos, contra 11% da trombólise. 46% de quem passou pelo procedimento ganharam independência em três meses, contra 26,5% do outro grupo, segundo um estudo publicado em 2017 na ‘New England Journal of Medicine’.
No Brasil, uma pesquisa avaliou por dois anos a trombectomia em 221 pacientes de 12 hospitais. Financiado pelo Ministério da Saúde, a pesquisa da RNPAVC — publicada na ‘New England Journal of Medicine’ em 2020 — constatou que a trombectomia reduziu as mortes em 16% e aumentou em duas vezes e meia a chance de o paciente voltar para casa sem sequelas. “O tempo de internação caiu de 25, 30 dias para três, cinco dias”, diz Mont’Alverne, que participou da pesquisa e realiza o procedimento no Hospital Geral de Fortaleza.
Procurado, o Ministério
da Saúde não respondeu sobre a necessidade de publicar a portaria. Disse
em nota que “não foi efetivada a incorporação [da trombectomia] pela antiga
gestão da pasta”, em referência ao governo anterior.
UOL, por Wanderley Preite Sobrinho
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