O Santo Padre
fez uma leitura mais ampla desta Palavra, focalizando o tema da propriedade dos
bens à luz da sabedoria cristã. Ele lembrou que na Doutrina Social da Igreja
fala-se do destino universal dos bens; como diz o Catecismo, Deus confiou a
terra e os seus recursos à gestão comum da humanidade.
“O
mundo é rico de recursos para assegurar a todos os bens primários. Ainda assim
muitos vivem em uma escandalosa indigência e os recursos, usados sem critério,
vão se deteriorando. Mas o mundo é um só! A humanidade é uma só! A riqueza do
mundo hoje está nas mãos da minoria, de poucos, e a pobreza, aliás, a miséria e
o sofrimento, de tantos, da maioria”.
Francisco advertiu que, se há fome, não é por
falta de comida; o que falta é uma visão empreendedora que garanta uma produção
adequada e uma distribuição justa. O Papa lembrou ainda o que diz o Catecismo:
que o homem deve considerar as coisas que possui não somente como próprias, mas
também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não somente a ele, mas
também aos outros. “Toda riqueza, para ser boa, deve ter uma dimensão
social”.
Nesta perspectiva, aparece o significado
positivo e amplo do mandamento “não roubar”. Como se lê no Catecismo, a
propriedade de um bem faz daquele que o possui um administrador da Providência.
“Ninguém é dono absoluto dos bens: é um administrador dos bens. A posse é uma
responsabilidade”, disse.
“Aquilo que possuo realmente é aquilo que eu
sei doar. (…) Se eu sei doar, sou aberto, então sou rico não somente daquilo
que eu possuo, mas também da generosidade. De fato, se não consigo doar algo é
porque aquela coisa me possui, tem poder sobre mim e sou escravo. A posse dos
bens é uma ocasião para multiplicar com criatividade e usá-los com
generosidade, e assim crescer na caridade e na liberdade”.
O próprio Cristo, lembrou o Papa, mesmo sendo
Deus, esvaziou a si mesmo e enriqueceu o homem com a sua pobreza. “O que nos
faz ricos não são os bens, mas o amor (…) ‘Não roubar’ quer dizer: ame com os
seus bens, aproveite dos seus meios para amar como pode. Porque a vida não é
tempo para possuir, mas para amar”.
Blog Canção Nova
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