A economia
brasileira tem potencial de crescer mais de 3% no ano que vem se o novo governo
conseguir aprovar as reformas, especialmente a da Previdência, e acelerar as
privatizações, segundo economistas ouvidos pelo Estado. A dúvida dos
especialistas é quanto à governabilidade do presidente eleito Jair Bolsonaro e
sua capacidade de obter o apoio do Congresso e da sociedade para a aprovação
das reformas.
“O grande
calcanhar de Aquiles do Bolsonaro é a reforma da Previdência. Se ele conseguir
passar uma reforma ampla e continuar as micro reformas encaminhadas pelo
governo Temer, teríamos chance de um crescimento forte ano que vem, acima de
3%”, afirma o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Por enquanto, ele
trabalha com uma previsão de crescimento de 2,2%. A projeção incorpora a
incerteza em relação à reforma da Previdência.
Entre os
economistas, o cenário mas provável para 2019, é de um crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB)entre 2% e 2,5%. Essa projeção coincide com a mediana do
mercado, apontada pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), que está em 2,49%.
“O ponto
mais sensível do cenário do governo Bolsonaro é a questão da governabilidade”,
alerta Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada. Para a
economista, que traça um cenário moderadamente otimista por causa da situação
ruim das finanças públicas, o mais provável é um crescimento de 2% do PIB para
2019. Nessa estimativa, ela considera uma reforma da Previdência que não será
nada extraordinária, nenhum grande pacote de privatizações e concessões e o
câmbio apreciando um pouco e fechando 2019 em R$ 3,65. Isso deve permitir que o
Banco Central mantenha a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano até o
segundo semestre do ano que vem.
Dúvida
Na opinião
do ex-diretor do BC, Alexandre Schwartsman, há espaço para crescer rapidamente,
se o governo conseguir desatar o nó das contas públicas, encaminhar uma boa
reforma da Previdência e reduzir a dívida pública. “Se conseguisse fazer isso,
a economia poderia crescer de 3% a 3,5% em 2109. Mas não acho que isso vá
acontecer.”
O
economista não considera que o País cresça 3,5% porque acredita que
dificilmente as reformas serão encaminhadas. Na sua opinião, em algum momento o
novo presidente vai perceber que será politicamente custosa qualquer agenda que
ele queira passar no Congresso.
Além disso,
Schwartsman não aposta num cenário agressivo de privatizações, até porque as
joias da coroa – Caixa, Banco do Brasil, Petrobrás e Eletrobrás – foram
excluídas do pacote. Diante disso, o cenário mais provável para o PIB de 2019,
na projeção do economista, varia entre 2% e 2,5%. O crescimento será um pouco
mais forte do que o deste ano por causa da fase de “lua de mel” que marca
geralmente o início de governos e do avanço do consumo, puxado pelo juro baixo.
Carlos
Kawall, economista-chefe do Banco Safra, projeta crescimento de 3% do PIB para
2019, mas admite que será difícil crescer tanto por causa da lenta recuperação
do mercado de trabalho, muito apoiado em empregos informais e com de menores
salários. “Fazer uma boa reforma da Previdência – não necessariamente a ideal –
é imprescindível para melhorarmos as condições financeiras, como queda dos
juros, alta da Bolsa, redução do risco Brasil”.
Estadão
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