domingo, 4 de novembro de 2018

SAÚDE: “Álcool a mais antiga das Drogas”



De todas as drogas, lícitas ou ilícitas, o álcool é a mais popular. E isso não é de hoje, acredita-se que as bebidas alcoólicas eram amplamente produzidas desde os primórdios da civilização. Os primeiros a provar os efeitos do álcool teriam sido membros de tribos do Oriente Médio. Uma das mais antigas citações ao vinho foi encontrada em um papiro egípcio datado de 3.500 a. C. E há indicações de que a cerveja já era fabricada na Mesopotâmia em 6.000 a. C. Na Europa antiga, gregos e romanos também eram famosos por suas bebedeiras. A Bíblia mesmo faz alusões ao álcool tanto no Novo como no Velho Testamento e o primeiro beberrão citado no Livro Sagrado é Noé, que se embriaga, antes do dilúvio, com a bebida das vinhas que plantou.

Um ou outro gole de vez em quando é um habito aceitável na maioria das sociedades. Faz parte da cultura e da rotina social. Alguns estudos mostram mesmo que o consumo do álcool moderado (o equivalente a no máximo duas taças de vinho ao dia) podem trazer alguns benefícios para a saúde: reduzir um pouco os níveis de gordura no sangue, diminuindo, com isso, os riscos de complicações cardíacas. O problema é que quando usado de forma abusiva, o álcool provoca acidentes, dependência química e graves danos a saúde, além de agravar problemas pessoais, familiares, financeiros ou profissionais e de contribuir para a violência e varias formas de crimes relacionados a perda de controle.

A Ingestão de álcool, mesmo que de forma moderada, diminui a coordenação motora e os reflexos, alterando a capacidade das pessoas de dirigir veículos ou operar equipamentos. Um estudo realizado em Recife, Brasília, Curitiba e Salvador, em 1997, mostrou que 61% das pessoas envolvidas em acidentes de transito estavam alcoolizadas. Já entre os que sofreram atropelamento, 56% apresentaram algum nível de álcool no sangue. Pela legislação de transito brasileira, dirigir sob a influencia de álcool, ou de qualquer outra substancia psicoativa que determine dependência acarreta punições que variam de multa a suspensão do direito de dirigir por 12 meses, podendo haver a retenção do veiculo até a apresentação do condutor habilitado e recolhimento de documento de habilitação.

Estabelece, ainda, que qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeitará o condutor ás penalidades citadas e caberá a órgão do Poder Executivo Federal disciplinar as margens de tolerância para casos específicos. Ao diminuir as inibições, o álcool também pode fazer com que as pessoas se envolvam em confusões ou brigas, ou em situações sexuais de risco, como por exemplo, quando deixa de usar camisinha ou tem como parceiro alguém que não conhece bem. Beber demais pode ainda provocar perda da consciência e morte por engasgamento com vômito. Além disso, misturar álcool com outras drogas, como barbitúricus, heroína, tranquilizantes e anti-histamínicos, pode ser fatal.

De acordo com pesquisas realizadas por diversas instituições brasileiras, a droga mais consumida no Brasil é o álcool. Depois vêm, pela ordem, o tabaco, os solventes, os medicamentos, a maconha e, por ultimo, a cocaína. O alcoolismo afeta cerca de 15% da população, com grandes custos para o país. Segundo o Grupo Interdisciplinar de estudos do Álcool e Drogas (Grea), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo, o Brasil perde muito mais do que ganha com a bebida. Enquanto a indústria brasileira de álcool movimenta 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o país gasta 7,3% do PIB por ano para cuidar de problemas relacionados ao álcool, desde o tratamento de dependentes até a perda de produtividade por causa da bebida.

Infelizmente, não há no país uma fiscalização rigorosa em relação à venda de bebidas alcoólicas, que podem ser compradas facilmente por adolescentes e a preços bastante acessíveis. A cultura nacional incentiva o uso do álcool, principalmente de pinga e de cerveja, e o marketing tem-se voltando para a conquista de um público mais jovem, não hesitando em associar a bebida ao sucesso nos esportes, nos relacionamentos, na vida em geral. As bebidas do tipo Ice – com gosto parecido com o dos refrigerantes, mas de teor alcoólico maior que o da cerveja – e os anúncios das cervejarias com tartarugas ou siris engraçadinhos não são voltados para o publico adulto, mas para os futuros consumidores, as crianças. Assim os adolescentes brasileiros estão começando a beber cada vez mais cedo: por volta dos 12 ou 13 anos, de acordo com pesquisas mais recentes. Preocupados com a maconha, os pais geralmente subestimam os efeitos do álcool, considerado pelos especialistas  a grande porta de entrada para o consumo de drogas.

Extraído do Guia Pratico sobre Drogas de Márcia Detoni



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