De todas as drogas, lícitas ou
ilícitas, o álcool é a mais popular. E isso não é de hoje, acredita-se que as
bebidas alcoólicas eram amplamente produzidas desde os primórdios da
civilização. Os primeiros a provar os efeitos do álcool teriam sido membros de
tribos do Oriente Médio. Uma das mais antigas citações ao vinho foi encontrada
em um papiro egípcio datado de 3.500 a. C. E há indicações de que a cerveja já
era fabricada na Mesopotâmia em 6.000 a. C. Na Europa antiga, gregos e romanos
também eram famosos por suas bebedeiras. A Bíblia mesmo faz alusões ao álcool
tanto no Novo como no Velho Testamento e o primeiro beberrão citado no Livro
Sagrado é Noé, que se embriaga, antes do dilúvio, com a bebida das vinhas que
plantou.
Um ou outro gole de vez em quando é
um habito aceitável na maioria das sociedades. Faz parte da cultura e da rotina
social. Alguns estudos mostram mesmo que o consumo do álcool moderado (o
equivalente a no máximo duas taças de vinho ao dia) podem trazer alguns benefícios
para a saúde: reduzir um pouco os níveis de gordura no sangue, diminuindo, com
isso, os riscos de complicações cardíacas. O problema é que quando usado de
forma abusiva, o álcool provoca acidentes, dependência química e graves danos a
saúde, além de agravar problemas pessoais, familiares, financeiros ou
profissionais e de contribuir para a violência e varias formas de crimes
relacionados a perda de controle.
A Ingestão de álcool, mesmo que de
forma moderada, diminui a coordenação motora e os reflexos, alterando a
capacidade das pessoas de dirigir veículos ou operar equipamentos. Um estudo
realizado em Recife, Brasília, Curitiba e Salvador, em 1997, mostrou que 61%
das pessoas envolvidas em acidentes de transito estavam alcoolizadas. Já entre
os que sofreram atropelamento, 56% apresentaram algum nível de álcool no sangue.
Pela legislação de transito brasileira, dirigir sob a influencia de álcool, ou
de qualquer outra substancia psicoativa que determine dependência acarreta
punições que variam de multa a suspensão do direito de dirigir por 12 meses,
podendo haver a retenção do veiculo até a apresentação do condutor habilitado e
recolhimento de documento de habilitação.
Estabelece, ainda, que qualquer
concentração de álcool por litro de sangue sujeitará o condutor ás penalidades
citadas e caberá a órgão do Poder Executivo Federal disciplinar as margens de tolerância
para casos específicos. Ao diminuir as inibições, o álcool
também pode fazer com que as pessoas se envolvam em confusões ou brigas, ou em
situações sexuais de risco, como por exemplo, quando deixa de usar camisinha ou
tem como parceiro alguém que não conhece bem. Beber demais pode ainda provocar
perda da consciência e morte por engasgamento com vômito. Além disso, misturar
álcool com outras drogas, como barbitúricus, heroína, tranquilizantes e
anti-histamínicos, pode ser fatal.
De acordo com pesquisas realizadas
por diversas instituições brasileiras, a droga mais consumida no Brasil é o
álcool. Depois vêm, pela ordem, o tabaco, os solventes, os medicamentos, a
maconha e, por ultimo, a cocaína. O alcoolismo afeta cerca de 15% da população,
com grandes custos para o país. Segundo o Grupo Interdisciplinar de estudos do Álcool
e Drogas (Grea), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São
Paulo, o Brasil perde muito mais do que ganha com a bebida. Enquanto a indústria
brasileira de álcool movimenta 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o país
gasta 7,3% do PIB por ano para cuidar de problemas relacionados ao álcool, desde o tratamento de dependentes
até a perda de produtividade por causa da bebida.
Infelizmente, não há no país uma
fiscalização rigorosa em relação à venda de bebidas alcoólicas, que podem ser
compradas facilmente por adolescentes e a preços bastante acessíveis. A cultura
nacional incentiva o uso do álcool, principalmente de pinga e de cerveja, e o
marketing tem-se voltando para a conquista de um público mais jovem, não
hesitando em associar a bebida ao sucesso nos esportes, nos
relacionamentos, na vida em geral. As bebidas do tipo Ice – com gosto parecido
com o dos refrigerantes, mas de teor alcoólico maior que o da cerveja – e os anúncios
das cervejarias com tartarugas ou siris engraçadinhos não são voltados para o
publico adulto, mas para os futuros consumidores, as crianças. Assim os adolescentes
brasileiros estão começando a beber cada vez mais cedo: por volta dos 12 ou 13
anos, de acordo com pesquisas mais recentes. Preocupados com a maconha, os pais
geralmente subestimam os efeitos do álcool, considerado pelos
especialistas a grande porta de entrada
para o consumo de drogas.
Extraído do Guia Pratico sobre Drogas de Márcia Detoni
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