O resultado primário do
Governo Central em setembro chegou a um deficit de R$ 14,5 bilhões, o pior
desempenho mensal do ano e o maior desde 2020. Governo Central se refere à soma
das contas do Tesouro Nacional, do Banco Central e da Previdência Social, excluindo
Estados, municípios e estatais. Eis a íntegra (PDF – 780 kB).
Nos últimos 12 meses até
setembro, o deficit primário acumulado é de R$ 35,6 bilhões, equivalente a
0,32% do PIB (Produto Interno Bruto) –patamar que reforça as preocupações
quanto ao ajuste fiscal prometido. Os dados foram divulgados nesta 5ª feira
(30.out.2025).
No acumulado do ano, o saldo
negativo chega a R$ 100,4 bilhões, praticamente estável frente ao mesmo período
de 2024. Ainda assim, o dado mensal traz alerta pelo forte salto frente a
setembro do ano anterior, quando o deficit registrado foi de R$ 5,4 bilhões.
Segundo o Tesouro Nacional, o
resultado reflete:
Aumento real de 5,7% das
despesas primárias – impulsionado por gastos discricionários no Executivo, como
ações de saúde (R$ 4,1 bilhões) e pagamentos diversos (R$ 2,9 bilhões);
Crescimento real de apenas 0,6% na receita líquida – com destaque positivo para
arrecadação previdenciária do RGPS (11,9%), compensado por queda nas receitas
administradas pela Receita Federal e nos dividendos de estatais;
Pressão adicional de despesas – com precatórios e impacto das políticas de
reajuste do salário mínimo e concessão de benefícios previdenciários.
Apesar de variações sazonais e ajustes pontuais, a piora fiscal em setembro
acende sinal amarelo para o governo, que depende de receitas extraordinárias e
controle de despesas para perseguir a meta de resultado primário de um deficit
de R$ 30,2 bilhões em 2025.
O relatório de avaliação
fiscal indica ainda que há folga de apenas R$ 0,8 bilhão em relação ao teto
legal definido para o deficit.
ENTENDA
O deficit primário apresentado pelo Governo Central –de R$ 14,5 bilhões em
setembro– significa que o país gastou mais do que arrecadou, excluindo o
pagamento de juros da dívida pública.Esse resultado indica
dificuldades para o governo equilibrar as contas públicas e cumprir as metas
fiscais prometidas à sociedade e ao mercado. Quando o deficit aumenta:
O risco fiscal cresce – governo pode ser obrigado a buscar mais empréstimos ou emitir dívida, elevando o endividamento e o custo dos juros pagos pelo país;
A confiança dos investidores diminui – um rombo acima do esperado sinaliza incerteza em relação ao controle das contas, o que pode afastar investimentos, pressionar o câmbio e afetar toda a economia;
Programas sociais e investimentos podem ser ameaçados – com menos recursos, há risco de cortes em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura;
Reação nos mercados – o resultado pode impactar o preço do dólar, juros, ações e o humor dos agentes econômicos, influenciando o que o cidadão sentirá no bolso.
Os números apresentados pelo governo mostram que, embora as receitas tenham crescido pouco, as despesas aumentaram bem mais rápido devido a gastos extras, políticas sociais e pressão de precatórios. Por isso, o resultado negativo deste mês preocupa e traz desafios para o ajuste fiscal e para a sustentabilidade das contas públicas.


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