Quatro
pessoas morreram e 61 ficaram feridas por conta de um incêndio em uma prisão
política em Teerã, no Irã, neste sábado (15).
O incêndio aconteceu na prisão de Evin, onde muitos presos políticos e
de dupla nacionalidade estão detidos. Testemunhas relataram ter ouvido tiros. O
incêndio acontece em meio a uma onda sem precedentes de protestos que eclodiram
por conta da morte de Mahsa Amini, iraniana curda de 22 anos presa por
"uso inadequado" do véu islâmico, obrigatório para mulheres no país.
A população tem se manifestado, inclusive, contra o Aiatolá Ali
Khamenei, Líder Supremo do Irã. Segundo um comunicado do judiciário do país,
uma oficina na prisão foi incendiada "depois de uma briga entre vários prisioneiros
condenados por crimes financeiros e roubo". O corpo de bombeiros de Teerã
disse à mídia estatal que a causa do incidente está sob investigação.
"As estradas que levam à prisão de Evin foram fechadas ao trânsito.
Há muitas ambulâncias aqui", disse uma testemunha à agência de notícias
Reuters. "Ainda assim, podemos ouvir tiros."Outra testemunha disse
que famílias de prisioneiros se reuniram em frente à entrada principal da
prisão. "Eu posso ver fogo e fumaça. Muitas forças especiais",
afirmou.
Um oficial de segurança disse que a calma havia sido restaurada na
prisão, mas uma das testemunhas afirmou que as sirenes das ambulâncias ainda
podiam ser ouvidas e a fumaça ainda pairava sobre a prisão. "Pessoas de
prédios próximos estão cantando 'Morte a Khamenei' de suas janelas",
relatou.
A prisão mantém principalmente detidos que enfrentam acusações de
segurança, incluindo iranianos com dupla nacionalidade. A Human Rights Watch
acusa as autoridades da penitenciária de ameaçar torturar e de prender as pessoas
por tempo indeterminado, além de conduzir longos interrogatórios e de negar
assistência médica aos detentos.
"Nenhum prisioneiro de segurança [político] esteve envolvido no
confronto de hoje entre prisioneiros, e basicamente a ala para detentos de segurança
é separada e longe das alas para ladrões e condenados por crimes
financeiros", disse um funcionário não identificado à agência de notícias
Tasnim.
Por Reuters
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