quarta-feira, 4 de julho de 2018

ECONOMIA: Paralisação de caminhoneiros faz indústria ter pior queda desde 2008



O movimento de caminhoneiros que paralisou o país em maio fez a indústria brasileira recuar a patamares de 2003. Segundo divulgou o IBGE nesta quarta-feira (4), a produção industrial teve queda de 10,9% no mês em relação a abril, quando havia subido 0,8%.

O resultado é o pior desde dezembro de 2008, durante a crise internacional, quando o arrefecimento da atividade econômica mundial fez a produção recuar 11,2%. A produção esteve em maio em patamar equivalente aos de quase 15 anos atrás e 23,8% abaixo do pico de produção no país, em maio de 2011.

Ainda assim, o resultado mensal veio acima da previsão de analistas consultados pela agência Bloomberg, de queda de 13,2% no indicador. Na passagem de abril para maio, 24 dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE tiveram quedas. Alimentos e veículos foram os mais afetados pelos protestos. Veículos automotores, carrocerias e reboques recuaram 29,8%. A produção de alimentos perdeu 17,1% no período.

Considerando as quatro grandes categorias econômicas, houve quedas recordes em bens de consumo duráveis (-27,4%) e de semiduráveis e não duráveis (-12,2%). São os recuos mais intensos desde o início da série histórica, iniciada em 2012.

Os bens de capital, que são as máquinas voltadas para a produção industrial, tiveram queda de 18,3% no período. Os bens intermediários, matérias-primas como aço, celulose, produtos químicos e alguns alimentos, caíram 5,2%.

Segundo o gerente da PIM (Pesquisa Industrial Mensal) do IBGE, André Macedo, a paralisação de caminhoneiros afetou a indústria de várias formas. Algumas não conseguiram receber insumos, enquanto outras tiveram dificuldade de escoar sua produção. Setores como o automobilístico, por exemplo, enfrentaram problemas para manter o ritmo das fábricas devido aos dias em que ficaram parados, porque os trabalhadores não conseguiam chegar às montadoras.

“A greve desarticulou o processo de produção em si, seja pelo abastecimento de matéria-prima, seja pela questão da logística na distribuição. A entrada do mês de maio caracterizou uma redução importante no ritmo de produção”, disse Macedo.

As duas únicas atividades com crescimento em maio foram os ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%) e de indústrias extrativas (2,3%). De acordo com Macedo, esses segmentos são menos dependentes de rodovias.

“Além disso, o biocombustível foi favorecido pela safra da cana-de-açúcar, que é destinada principalmente ao etanol. Já o setor extrativo foi impulsionado pela produção de minério de ferro”, afirmou.

Via: Bg

Nenhum comentário:

Postar um comentário