O uso de medicamentos
injetáveis para perda de peso, popularmente chamados de “canetinhas
emagrecedoras”, exige cuidado e orientação profissional, segundo alerta a
endocrinologista Flora Tamires, membro da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia do Rio Grande do Norte. Em entrevista à MIX FM, a médica
esclareceu dúvidas sobre a origem dessas substâncias, seus efeitos colaterais e
os riscos do uso estético sem indicação clínica.
“As canetinhas, como
popularmente ficaram conhecidas, na verdade são fruto de um grande estudo de
muitos anos. Inicialmente foram desenvolvidas para a doença diabetes. Ao longo
do desenvolvimento dessas medicações, para diabetes, as pessoas acabavam perdendo
muito peso, inclusive aquelas que não tinham diabetes”, explicou.
Entre as substâncias disponíveis no mercado estão a
Trulicity, Ozempic, o Wegovy, Tirzepatida, conhecida como Mounjauro. Segundo a
especialista, elas são eficazes para tratar obesidade e diabetes, mas não
garantem segurança nem resultados adequados quando utilizadas com foco apenas
estético. “A qualidade dessa perda de peso não tem como ser garantida. Usar as
canetas para estimular o consumo do ponto de vista estético não é seguro. Até
porque existem vários efeitos adversos e não, pessoal, não perde gordura
localizada”, afirmou.
A médica também alertou para
os riscos do contrabando desses medicamentos. “É muito arriscado. Esse é um
tipo de medicação que precisa ser transportada, armazenada. Existe uma
temperatura que garanta a sua ação. […] Essas pessoas que acabam trazendo a medicação
dentro da bolsa, na própria roupa, como a gente já viu fotos, trazem a
medicação em temperaturas que são ambiente. Perde a eficácia? Perde a eficácia.
Não tem como garantir que vai ter eficácia.”
Flora relatou ainda casos de
fraudes em que canetas são “recapeadas”, com substâncias desconhecidas
injetadas nos pacientes. “É muito arriscado. Você não sabe o que está sendo
injetado ali dentro. Se a gente parar para pensar, uma substância está entrando.
Que substância é essa?”
Entre os efeitos adversos mais
comuns do uso sem acompanhamento estão problemas gastrointestinais e perda de
massa magra. “Na verdade, são pessoas que usam medicação sem orientação, perdem
tanto peso que acabam perdendo muita massa magra. […] Acabam desenvolvendo até
sarcopenia por causa disso.”
A endocrinologista também
comentou a recente medida da Anvisa que determina a retenção de receita para compra
desses medicamentos. “Com certeza, é um avanço, um grande significado para a
gente, enquanto profissionais que tratam sobrepeso e obesidade. […] Esses
pacientes vão poder passar por uma avaliação médica, vão poder ter a
necessidade de fato de tomar a medicação.”
Por fim, reforçou que não
existe medicamento milagroso. “Obesidade causa mais de 200 doenças, entre
câncer, doença renal crônica, Alzheimer”. Como mensagem final, Flora Tamires
pediu que o público busque orientação especializada. “As medicações, as canetas,
vêm ganhando mídia, são eficazes, seguras, quando usadas e prescritas por
médicos responsáveis. […] Procure um endocrinologista responsável. É uma doença
que precisa, sim, de atenção, e que é uma especialidade que pode acolher o
paciente que de fato precisa desse tratamento.”
Via: Agora RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário