quarta-feira, 30 de abril de 2025

SAÚDE: “Canetinhas” de emagrecimento exigem prescrição e controle rigoroso, alerta endocrinologista

O uso de medicamentos injetáveis para perda de peso, popularmente chamados de “canetinhas emagrecedoras”, exige cuidado e orientação profissional, segundo alerta a endocrinologista Flora Tamires, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia do Rio Grande do Norte. Em entrevista à MIX FM, a médica esclareceu dúvidas sobre a origem dessas substâncias, seus efeitos colaterais e os riscos do uso estético sem indicação clínica.

“As canetinhas, como popularmente ficaram conhecidas, na verdade são fruto de um grande estudo de muitos anos. Inicialmente foram desenvolvidas para a doença diabetes. Ao longo do desenvolvimento dessas medicações, para diabetes, as pessoas acabavam perdendo muito peso, inclusive aquelas que não tinham diabetes”, explicou.

Entre as substâncias disponíveis no mercado estão a Trulicity, Ozempic, o Wegovy, Tirzepatida, conhecida como Mounjauro. Segundo a especialista, elas são eficazes para tratar obesidade e diabetes, mas não garantem segurança nem resultados adequados quando utilizadas com foco apenas estético. “A qualidade dessa perda de peso não tem como ser garantida. Usar as canetas para estimular o consumo do ponto de vista estético não é seguro. Até porque existem vários efeitos adversos e não, pessoal, não perde gordura localizada”, afirmou.

A médica também alertou para os riscos do contrabando desses medicamentos. “É muito arriscado. Esse é um tipo de medicação que precisa ser transportada, armazenada. Existe uma temperatura que garanta a sua ação. […] Essas pessoas que acabam trazendo a medicação dentro da bolsa, na própria roupa, como a gente já viu fotos, trazem a medicação em temperaturas que são ambiente. Perde a eficácia? Perde a eficácia. Não tem como garantir que vai ter eficácia.”

Flora relatou ainda casos de fraudes em que canetas são “recapeadas”, com substâncias desconhecidas injetadas nos pacientes. “É muito arriscado. Você não sabe o que está sendo injetado ali dentro. Se a gente parar para pensar, uma substância está entrando. Que substância é essa?”

Entre os efeitos adversos mais comuns do uso sem acompanhamento estão problemas gastrointestinais e perda de massa magra. “Na verdade, são pessoas que usam medicação sem orientação, perdem tanto peso que acabam perdendo muita massa magra. […] Acabam desenvolvendo até sarcopenia por causa disso.”

A endocrinologista também comentou a recente medida da Anvisa que determina a retenção de receita para compra desses medicamentos. “Com certeza, é um avanço, um grande significado para a gente, enquanto profissionais que tratam sobrepeso e obesidade. […] Esses pacientes vão poder passar por uma avaliação médica, vão poder ter a necessidade de fato de tomar a medicação.”

Por fim, reforçou que não existe medicamento milagroso. “Obesidade causa mais de 200 doenças, entre câncer, doença renal crônica, Alzheimer”. Como mensagem final, Flora Tamires pediu que o público busque orientação especializada. “As medicações, as canetas, vêm ganhando mídia, são eficazes, seguras, quando usadas e prescritas por médicos responsáveis. […] Procure um endocrinologista responsável. É uma doença que precisa, sim, de atenção, e que é uma especialidade que pode acolher o paciente que de fato precisa desse tratamento.”

Via: Agora RN


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