As vendas nos supermercados do
Rio Grande do Norte registraram crescimento de 8% no período anterior à Páscoa,
considerado o “segundo Natal” do setor, segundo Gilvan Mikelyson, presidente da
Associação dos Supermercadistas do Rio Grande do Norte (Assurn). Ele destaca que
produtos típicos da data, como chocolates, pescados e vinhos, impulsionam as
vendas, apesar da inflação alimentar. “Os produtos correlacionados à Páscoa
também obedecem a esse ritmo de inflação, e alguns, como os chocolates,
extrapolaram as médias”, afirmou, em entrevista à Jovem Pan News.
Mikelyson revelou que o
consumo de pescados quintuplica nesta semana, por conta da tradição religiosa e
cultural. “Esse consumo quase quintuplica nessa semana, porque é aquela
abstinência por parte dos católicos, que se abstêm de carne vermelha”, disse. Entre
os mais procurados, estão atum, serra, espada e morada. Já o bacalhau, afetado
pela alta do azeite e outros ingredientes, ficou mais caro, mas continua
ofertado em versões mais simples.
Sobre a alta dos preços,
Mikelyson explicou que o setor está absorvendo parte dos aumentos para evitar
rupturas de consumo. “Se repassarmos tudo aquilo que vem de custo diretamente
para o consumidor, vamos causar uma ruptura no consumo. Diminuímos nossa margem
para que o produto não fique tão mais caro”, afirmou. Como exemplo, citou o
café, que deveria estar próximo de R$ 25, mas está sendo vendido por R$ 16 a R$
18. “Se a gente fosse aplicar a margem normal, seria R$ 25, e não tem ninguém
que tenha coragem de colocar”, completou.
O presidente da Assurn
ressaltou ainda a importância da tradição pascal no comportamento do
consumidor. “A tradição pesa muito. Apenas os consumidores fazem a tradição
caber dentro do bolso. Você comeria um salmão, agora já vai na tilápia”,
comentou. Apesar do aumento de quase 180% no preço do cacau nos últimos dois
meses, ele garantiu que não haverá sobra de ovos de Páscoa nas prateleiras. “As
indústrias fazem um trabalho muito massificante nesses três, quatro dias, com
ofertas, promoções de leve dois, pague um. Eles estimam a quantidade certa e
fazem vender todos”, disse.
Quanto ao funcionamento, Mikelyson informou que os supermercados da Grande Natal estarão abertos até as 22h nos dias que antecedem a Páscoa, com reforço de equipe para atender à demanda. “Deixa o horário confortável para que os consumidores façam uso da loja num horário mais conveniente para si. Os melhores horários geralmente são logo na abertura ou mais tarde”, explicou. Por fim, o presidente destacou as dificuldades enfrentadas pelo setor diante da alta concorrência e inflação. “Hoje ninguém mais tem estoques elevados. O cenário não permite especulação. Quem comprou café há 60 dias atrás não está ganhando o que gostaria. O serviço hoje faz a diferença”, concluiu.
Procon
O Instituto Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Natal) realizou entre os dias 1º a 11 de abril pesquisa de preço de ovos de chocolate para a Páscoa, e constatou um aumento de 12,91% em relação à pesquisa do ano passado. O aumento encontrado é muito além da projeção da inflação no país, segundo o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (IPCA) de 4,83% para o ano. Nos últimos quatro anos, o comércio de chocolates vem alternando com altos e baixos nos preços provocados pela produção de cacau e o custo de comercialização deste produto como pelo aumento do transporte e desvalorização da moeda.
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