O arcebispo
metropolitano de Natal, Dom
João Santos Cardoso, comentou o falecimento do Papa Francisco, ocorrido
após um AVC e colapso cardiovascular na segunda-feira 21, logo depois da
Páscoa. Segundo Dom João, o Papa deixa um legado marcado pela simplicidade,
proximidade com o povo e defesa da ecologia integral, além de mudanças na
estrutura da Cúria Romana.
Para o arcebispo, o Papa
Francisco não foi plenamente compreendido em vida. “Ele foi muito
incompreendido. Eu penso que é isso que fica do profeta. Um profeta amado por
muitos, mas também não compreendido por alguns. Naturalmente, muitos abraçam a
mensagem de um profeta, mas muitos não conseguem compreender. Porque,
geralmente, o profeta acaba ferindo determinadas sensibilidades com as quais
nós estamos acostumados e também status nos quais nós estamos instalados”,
afirmou.
E continuou: “Eu creio que
esse é o tipo de profecia, porque também nosso Senhor Jesus Cristo não foi
compreendido por todos. No seu tempo, ele causou escândalo com as suas
posturas. Nosso Senhor Jesus Cristo, quer dizer, incomodou também
politicamente. E esse é o grande profeta”, disse, em entrevista ao Jornal da
Cidade, da 94FM, nesta terça-feira 22.
Dom João afirmou que a morte
do Papa Francisco causou impacto e tristeza, especialmente após sua aparição no
Domingo da Ressurreição. “Ele falou pouca coisa, fez a saudação: ‘Irmãos e
irmãs, feliz Páscoa’. A voz estava deletada, mas meteu para si uma voz forte,
no sentido que ecoou para nós a saudação pascal e a multidão vibrou com aquela
frase tão curta”, relatou.
O arcebispo lembrou que o Papa
reformou a Cúria Romana com a Praedicate Evangelium em 2022, tornando o
governo mais colegial e incluindo leigos e mulheres. Sobre sua postura diante
das novas realidades, Dom João destacou: “Ele abriu as portas da igreja, uma
igreja mais misericordiosa e acolhedora, nos chamando a atenção, como pastores,
a acolher essas realidades novas”.
Francisco também deixou o
próprio testamento e instruções detalhadas para seu funeral, que ocorrerá de
forma simples, com sepultamento na Basílica de Santa Maria Maggiore. Dom João
concluiu: “Isso mostra a consciência da sua finitude e, talvez, nos mostra como
Francisco soube lidar com um poder tão importante que é o papado, mas com um
grande desafio, como realmente um pastor. Como realmente sabe que é transitório
estar como servo dos servos de Deus, como quem serve”.
Conclave pode surpreender, diz
Dom João Santos Cardoso sobre sucessão papal
Após a morte do Papa
Francisco, o conclave para a escolha do novo pontífice já foi convocado,
conforme confirmou o arcebispo metropolitano de Natal, Dom João Santos Cardoso.
Ele explicou que os cardeais eleitores já estão se dirigindo a Roma para
participar do processo.
“Assim que terminam os ritos
funerários, é passada a ritualidade exigida e começa, então, o conclave. Em
tese, todos os cardeais que são eleitores, também são candidatos. Agora, é
claro que a imprensa faz listas, e tem muitas listas que se divulgam”, declarou
Dom João.
Questionado sobre a
possibilidade de o sucessor seguir a linha do Papa Francisco, ele afirmou:
“Pode ocorrer, de termos um sucessor que possa dar continuidade com o legado de
Francisco. Mas vai ser sempre uma pessoa diferente. Nunca vai ser mais Francisco,
com toda a sua eclesiologia, com toda a sua sensibilidade”.
Dom João lembrou que o
conclave é conduzido sob oração. “Pode vir uma grande surpresa, porque,
realmente, o conclave é uma escolha que é feita à luz do Espírito Santo. Pode
ser que, dessa lista que vemos circular, dos nomes que têm mais projeção,
apareça uma pessoa que não está nas listas que estão circulando. É a surpresa
que pode vir do Espírito Santo”.
Sobre a condução da Igreja
durante o período sem papa, Dom João explicou: “Tem o camerlengo, tem também o
conselho dos cardeais. Tudo isso garante que a administração ordinária siga.
Decisões importantes não são tomadas até quando o novo Papa for anunciado”.
Para ele, o próximo pontífice
terá a responsabilidade de manter a unidade da Igreja e a fidelidade ao
Evangelho. “Aguardamos, na oração, o que o Espírito Santo, que conduz a Igreja,
vai, portanto, nos escolher. E vai dar a graça necessária para quem ocupar uma
função tão importante, uma missão tão exigente como a do Papa, de garantir a
unidade da Igreja, a fidelidade ao Evangelho e, ao mesmo tempo, a criatividade
para o anúncio do Cristo Jesus”, pontuou.
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