Autoridades
chinesas nomearam um novo bispo para Xangai, a maior diocese católica
romana da China, sem
consultar a cúpula da Igreja Católica, afirmou o Vaticano nesta
terça-feira (4).
Caso
confirmada, a mudança unilateral viola um pacto bilateral entre os dois Estados
que determina a chancela do Vaticano para qualquer mudança do tipo. A Santa Sé
diz ter sido informada apenas "há alguns dias" da decisão da China de
transferir o bispo Shen Bin de Haimen, na província de Jiangsu, para a diocese
de Xangai. A AsiaNews, uma agência de notícias católica, disse que Shen foi
nomeado pelo Conselho dos Bispos Chineses, que ele próprio dirige.
O conselho, controlado pelo Partido Comunista chinês, não é reconhecido pela Santa Sé. O bispado de Xangai estava vago havia dez anos desde a morte do bispo Jin Luxian em abril de 2013. A Santa Sé disse que o bispo auxiliar da cidade, Ma Daqin, deveria administrar a diocese, mas ele está em prisão domiciliar desde 2012, quando rejeitou publicamente a Associação Patriótica Católica Chinesa – o órgão comunista que governava a Igreja local.
O Vaticano disse ainda que só soube da mudança através da mídia. As relações entre a Igreja Católica e o governo chinês já vinham estremecidas nos últimos meses. No início do ano, o Vaticano acusar a China de violar o acordo bilateral entre os dois países sobre a nomeação de bispos ao instalar um em uma diocese não reconhecida pela Santa Sé. O pacto, renovado em outubro de 2022 pela segunda vez, foi uma tentativa de aliviar uma divisão de longa data na China continental entre fiéis leais ao papa e uma igreja oficial apoiada pelo Estado. Quando o acordo foi feito, pela primeira vez desde a década de 1950 ambos os lados reconheceram o papa como líder supremo da Igreja Católica.
A Embaixada chinesa ainda não quis se manifestar sobre o caso. Em seu site, a diocese de Xangai disse que cerca de 200 pessoas compareceram à cerimônia de inauguração de Shen. "O bispo Shen Bin disse que continuará a levar adiante a boa tradição de patriotismo e amor à Igreja Católica em Xangai (e) aderir ao princípio de independência e autogoverno", declarou a diocese.
Apenas
seis novos bispos foram nomeados desde que o acordo de 2018 foi fechado entre o
Vaticano e a China. Os oponentes do acordo dizem que isso prova que o pacto não
está produzindo os efeitos desejados. Eles também apontam para o aumento das restrições à liberdade religiosa na China para
cristãos e outras minorias.
Via: G1
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