Pela primeira vez, um estudo
lançou um olhar socioeconômico sobre a questão da obesidade no Brasil. E o
resultado da análise não poderia ser mais surpreendente. O trabalho mostra, por
exemplo, que o fator mais relevante associado à doença não é, como se imagina,
o consumo de alimentos calóricos – embora ele não deixe de ser pertinente.
Outros vilões, muitos deles, em essência, econômicos,
ocupam os primeiros lugares da fila entre as principais causas do problema.
Eles incluem o sedentarismo, a faixa etária e o gênero. O envelhecimento da
população, um fator demográfico, representa o maior risco para o avanço da cota
de obesos no médio prazo no país. A pobreza não é, necessariamente, um fator
determinante da doença.
Tais constatações foram feitas a partir da pesquisa
Obesidade e Consumo das Famílias Brasileiras – Um Diagnóstico e Implicações
para as Políticas Públicas, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “A
novidade é que, pela primeira vez, um estudo identifica os fatores
multidimensionais do problema”, diz o economista Márcio Holland, professor da
Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP) e coordenador do trabalho. “Até
então, era muito comum as pessoas associarem a doença a um item ou a um tipo de
alimento e mais nada.”
Sobre os novos fatores observados, Holland considera, por exemplo, que o sedentarismo conta com uma espécie de “ecossistema” que o fortalece. “Ele começa em casa, onde mais de 20% da população adulta assiste, em média, a três horas de TV por dia, segue no trajeto para o trabalho, realizado de carro ou por meio de transporte público, e continua no escritório, ou mesmo, na escola”, afirma. “O resultado disso é um nível muito baixo de atividade física.”
De acordo com a pesquisa, por tudo isso, o sedentarismo antecede o consumo de calorias na ordem das principais causas da obesidade no Brasil. Mesmo porque, sem a atividade física, não é possível se chegar a um equilíbrio razoável entre a ingestão e o gasto calórico. “Além do mais, na comparação entre indivíduos tanto com peso normal como com sobrepeso e obesidade, não há diferenças estatisticamente significativas em relação ao consumo de calorias”, diz o acadêmico.
Via: Metrópoles
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