Pesquisadores da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram um conjunto de substâncias
que têm potencial de auxiliar no tratamento de infecções causadas por bactérias
e do câncer. As substâncias elaboradas na UFRN são derivadas de um peptídeo
extraído naturalmente a partir de uma glândula do escorpião amarelo, animal
amplamente encontrado no Nordeste brasileiro.
O estudo foi desenvolvido no Departamento de Farmácia da
UFRN. Os
pesquisadores usaram a Stigmurina, o peptídeo natural do escorpião, e
realizaram mutações pontuais em regiões específicas. Essas transformações
geraram 31 peptídeos diferentes, chamados de análogos, com carga e polaridade
que favorecem a ligação mais potente deles a membranas bacterianas de
importância médica. Tudo foi feito a partir de estudos de bioinformática, com
amplo uso.
As
características permitem potencializar as atividades antimicrobiana e
anticâncer da substância original. As
“sequências peptídicas” foram promovidas por meio de. Coordenador e supervisor
dos estudos, Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa afirma que “a aplicabilidade
dessa descoberta científica se dá tanto na medicina humana quanto na
veterinária”. No
último dia 12 de setembro, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI) concedeu definitivamente o patenteamento das substâncias. A patente
confere aos inventores a exclusividade sobre a criação e a restrição do seu uso
por terceiros sem o seu consentimento.
“Essas
moléculas multifuncionais surgem como uma fonte promissora para a obtenção de
novas alternativas terapêuticas por mostrarem elevada ação contra diferentes
linhagens de células cancerígenas em cultura celular, com ação superior ao
peptídeo nativo. Estudos experimentais realizados por nosso laboratório, com
parte das moléculas depositadas nessa patente, têm de fato mostrado elevada
ação antibacteriana contra diferentes”, descreve a pesquisadora Alessandra
Daniele da Silva. Além
de Matheus e de Alessandra, o grupo de inventores é formado, ainda, por Andréia
Bergamo Estrela e Adriana Marina e Silva Parente.
Tecbiofar
Os estudos foram desenvolvidos no Laboratório de Tecnologia e Biotecnologia farmacêutica (Tecbiofar). O laboratório e o grupo de pesquisa possuem mais de 15 anos de experiência na investigação de moléculas com potencial terapêutico, desde a sua identificação a partir de produtos naturais (plantas e escorpiões), avaliação das atividades antiinflamatória, antibacteriana, cicatrizante, anti venenos de escorpiões e serpentes, além de antiproliferativa em estudos in silico e in vitro, até o desenvolvimento de uma formulação farmacêutica e aplicação in vivo.
Atualmente
no Tecbiofar, laboratório que envolve os professores do Departamento de
Farmácia Matheus Pedrosa e Arnobio Antonio da Silva Junior, há a continuação da
pesquisa desses peptídeos análogos na terapia antibacteriana, com os testes
contínuos, e a continuação da pesquisa desses peptídeos análogos na terapia
antibacteriana, com o teste contra microrganismos multirresistentes no Brasil,
como parasitas e vírus, apresentando resultados positivos. Não
bastasse, também ocorre o desenvolvimento de uma formulação farmacêutica
associada aos peptídeos análogos. As ações ocorrem por meio de cooperações
científicas com instituições francesas e brasileiras.
“Um
estudo, publicado anteriormente em nosso laboratório, tem mostrado o efeito
benéfico da Stigmurina no tratamento de feridas de pele infectada com bactéria
em camundongos. Outra vertente importante que estamos desenvolvendo nos últimos
anos é a resolução estrutural dos peptídeos análogos pela técnica de
ressonância magnética nuclear, em que os peptídeos são analisados num
equipamento de alta resolução na UFRJ; a estrutura terciária é resolvida em
definitivo em parceria com o professor colaborador Jarbas Resende, da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e com a professora colaboradora
Renata Mendonça, do Instituto de Química da UFRN. A determinação da estrutura
de uma molécula é uma etapa essencial para que ela se torne um novo medicamento
ou auxiliar de medicamentos pré-existentes”, relata Matheus Pedrosa.
Portal 98 FM
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