O governo de Donald Trump vai
enviar mais 2.000 soldados da Guarda Nacional a Los Angeles, na Califórnia,
para conter protestos contra a política de migração imposta pelo republicano,
anunciou na noite desta segunda-feira (9) Sean Parnell, o principal porta-voz
do Departamento de Defesa americano.
Os reforços vão dobrar o atual
contingente já mobilizado para atuar na segunda maior cidade dos Estados
Unidos. No sábado (7), Trump anunciou que convocaria os primeiros 2.000
soldados da Guarda Nacional.
“Por ordem do presidente, o
Departamento de Defesa está mobilizando mais 2.000 membros da Guarda Nacional
da Califórnia para serem convocados ao serviço federal em apoio ao ICE [o
serviço de migração dos EUA] e para permitir que os policiais realizem suas
tarefas com segurança”, escreveu Parnell no X.
A Guarda Nacional é uma força
militar de reserva geralmente acionada em emergências como desastres naturais
e, ocasionalmente, em distúrbios civis. Trata-se da primeira vez desde 1965 que
um presidente envia essa força sem o pedido de um governador estadual.
Os agentes da Guarda Nacional
se somam ainda a 700 fuzileiros navais que também serão enviados a Los Angeles,
segundo nota divulgada também nesta segunda pelo Comando do Norte dos EUA.
O envio dos fuzileiros
representa uma escalada expressiva na atuação do governo federal. Em uma
frente, porque são militares da ativa, não da reserva como os demais. Em outra,
mostra que Trump está disposto a dobrar a aposta mesmo depois de o governo da Califórnia
apontar uma interferência federal na soberania do estado.
“Trump está tentando provocar
o caos enviando 4 mil soldados a solo americano”, escreveu o governador da
Califórnia, Gavin Newsom, na rede social X. Segundo ele, dos primeiros 2.000
soldados da Guarda Nacional mobilizados, apenas 300 estão de fato nas ruas de
Los Angeles. “O restante está parado, sem uso, em prédios federais, sem ordens.
Não se trata de segurança pública. Trata-se de alimentar o ego de um presidente
perigoso. Isso é imprudente. Sem sentido. E desrespeitoso com nossas tropas.”
Mais cedo, Newsom havia
reagido ao envio dos fuzileiros navais atribuindo a Trump o comportamento de um
ditador. “Os fuzileiros navais dos EUA serviram com honra em diversas guerras
em defesa da democracia. Eles são heróis. Não deveriam ser enviados para solo
americano enfrentando seus próprios compatriotas para realizar a fantasia
insana de um presidente ditatorial”, disse o democrata.
Horas antes, nesta segunda, o
procurador-geral da Califórnia afirmou que o estado está processando o governo
Trump pelo envio das tropas da Guarda Nacional a Los Angeles. Segundo o
processo, as ações de Trump violaram a soberania do estado e foram ilegais.
O anúncio dos reforços ocorre
a despeito de manifestações pacíficas nesta segunda. Dezenas de soldados da
Guarda Nacional da Califórnia podiam ser vistos guardando a entrada do maior
prédio federal de Downtown. Os uniformes militares e os escudos eram uma visão
diferente de todos os protestos recentes em Los Angeles.
Os atos em Los Angeles tiveram
início na sexta-feira (6) depois de agentes do ICE realizarem operações em
vários locais da cidade como parte dos esforços do governo para prender
migrantes. O governo federal quer alcançar a meta de prender pelo menos 3.000
migrantes por dia após prometer a maior operação de deportação da história
durante a sua campanha.
Via: Folha de S. Paulo
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