A China vai aplicar tarifas
adicionais de 55% sobre as importações de carne bovina provenientes do Brasil,
Austrália e Estados Unidos quando os volumes embarcados ultrapassarem as cotas
estabelecidas para cada país. A medida foi anunciada pelo Ministério do
Comércio chinês na quarta-feira 31 e passa a valer a partir de 1º de janeiro.
De acordo com o governo
chinês, a cota total de importação de carne bovina para 2026 será de 2,7
milhões de toneladas. O Brasil ficará com a maior parcela do volume autorizado,
correspondente a 41,1% do total. Em seguida aparecem a Argentina, com 19,0%, e
o Uruguai, com 12,1%.
Para outros exportadores, o
Ministério do Comércio da China definiu limites específicos. A Austrália
recebeu uma cota de 205 mil toneladas, enquanto os Estados Unidos tiveram 164
mil toneladas autorizadas dentro do volume total estabelecido para o próximo
ano.
Os dados de importação de 2024
mostram que a China comprou 1,34 milhão de toneladas de carne bovina do Brasil.
No mesmo período, foram importadas 594.567 toneladas da Argentina, 216.050
toneladas da Austrália, 243.662 toneladas do Uruguai, 150.514 toneladas da Nova
Zelândia e 138.112 toneladas dos Estados Unidos.
As tarifas adicionais
anunciadas terão validade de três anos. Durante esse período, a cota total de
importação será ampliada gradualmente, alcançando 2,8 milhões de toneladas
métricas em 2028, segundo o cronograma divulgado pelas autoridades chinesas.
O anúncio ocorre após duas
prorrogações da investigação sobre as importações de carne bovina, aberta em
dezembro do ano passado. O governo chinês informou que a apuração não tem como
alvo nenhum país específico e está relacionada ao cenário interno do setor.
Na semana anterior à
divulgação das tarifas, associações da indústria de carne bovina da China
pressionaram o governo por medidas de salvaguarda imediatas até o fim do ano.
Segundo o jornal estatal Global Times, o objetivo era conter oscilações no
mercado e proteger a renda dos criadores nacionais.
Desde 2023, o setor de criação
de gado bovino na China enfrenta prejuízos. De acordo com um funcionário do
setor citado pelo Global Times, fatores como o volume de importações levaram
produtores a abater animais reprodutores para reduzir custos.
No ano passado, a China
importou um volume recorde de 2,87 milhões de toneladas métricas de carne
bovina. Entre janeiro e novembro, as importações totalizaram 2,59 milhões de
toneladas, queda de 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.


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