Após passar um longo período
com preços nas alturas, o ovo de galinha deve dar algum alívio para o bolso do
consumidor. Isso porque a iguaria já dá indícios de queda nas gôndolas dos
supermercados. Algo que já era esperado com o fim da quaresma, que pressionou
muito os preços do ovo no mês passado, e com a pressão do próprio mercado.
De acordo com dados do Centro
de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, o ovo caiu pelo menos
13,7% desde a Semana Santa na região metropolitana de Belo Horizonte. Em 17 de
abril, Quinta-feira Santa, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos era negociada
pelo preço médio de R$ 209,59, já na atualização mais recente, em 19 de maio, o
preço da caixa estava em R$ 180,73. Se comparado com três meses atrás, a queda
é de 28% – em 20 de fevereiro, a caixa estava em R$ 251,48.
A dúvida agora é se o preço
pode cair ainda mais como consequência da gripe aviária. A redução de preços
recente foi percebida também pela pesquisa do Mercado Mineiro em Belo
Horizonte, que deve divulgar em breve os resultados do levantamento. De acordo com
o administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, é possível observar uma
queda no preço do ovo desde antes de estourar a notícia sobre o primeiro caso
de gripe aviária em granja comercial no Brasil – que gerou, a princípio, a
expectativa de queda na exportação e uma possível “sobra” de produto no mercado
interno.
Agora, a tendência é cair
mais, mas por diversos motivos, entre eles pressão do próprio mercado. “Chegou
ao limite. O ovo estava muito caro, e o mercado segura por si só”,
contextualiza Feliciano. Para ele, a gripe aviária também deve provocar queda
no preço, motivada por mais ofertas do produto, pelo menos no início.
A influência da gripe aviária
no preço dos ovos, no entanto, ainda não está clara. O que se sabe é que há uma
expectativa de queda de 20% nas exportações de frango, isso porque, União
Europeia e China, por exemplo, interromperam a compra de carne de frango
brasileira. Mas ainda não há menção sobre os ovos.
Além disso, o próprio cenário
da gripe aviária no Brasil ainda é incerto, não sendo possível, segundo
entidades do setor agropecuário, prever impactos diretos nos preços ao
consumidor interno. Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína
Animal (ABPA), Ricardo Santin, o país está preparado para enfrentar os casos
pontuais de gripe. “A gente já vinha trabalhando e se prevenindo. É por isso
que estamos preparados. Hoje você consegue controlar, você consegue fazer com
que esse foco fique somente reduzido ao local onde aconteceu, fruto da
biosseguridade”, explica. “Aqui no Brasil, nós podemos assegurar que não há
risco de se espalhar porque estamos preparados já desde muito tempo para
enfrentar esse desafio”, garante.
Ricardo Santin também dá
esperanças de que, apesar das recentes sanções, as relações comerciais
internacionais com o Brasil não sejam afetadas. “A gente espera que, desse
episódio, a gente saia mais forte. A confiança que o mundo já tem no Brasil
agora vai ser reforçada”, diz. “O mundo vai ver que o Brasil leva muito a sério
e que cumpre as regras. E também, ao mesmo tempo, vai ver que nós temos
biosseguridade para conseguir manter um surto isolado em um só lugar e que
somos parceiros fortes e confiáveis do mundo na segurança alimentar”, afirma.
Via: O
Tempo
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