Com o dólar renovando máximas
históricas a cada dia, quem costuma comprar produtos importados ou que depende
de insumos vindos de fora está pagando mais caro por eles. Vários produtos
comuns nas casas dos brasileiros podem ficar mais caros, do pãozinho francês
aos remédios. Quem não abre mão de importados, como azeite, bacalhau e vinho,
também vai sentir no bolso. Mesmo produtos nacionais podem ficar mais caros,
porque a indústria utiliza insumos vindos do exterior.
“Qualquer matéria-prima
eventualmente é afetada, podemos ter o trigo um pouco mais caro, o combustível,
qualquer produto vindo do exterior”, disse o professor do Departamento de
Economia da Universidade de Brasília (UnB) José Carlos de Oliveira. Maria Aparecida,
33 anos, moradora do Novo Gama (GO), espera não ter aumento no pão. “Hoje em
dia, já não está barato. Se aumentar, o jeito será procurar novas formas de
tomar café da manhã. Comer biscoitos, por exemplo”, disse.
O motorista de aplicativo
Lucas Vieira, 24 anos, morador do Recanto das Emas, está preocupado com um
possível aumento da gasolina por causa da subida do dólar. “Para quem trabalha
com o automóvel, gasolina afeta, e muito, o orçamento. Tenho que procurar os
menores preços em grupos de aplicativo”, contou.
No entanto, no caso do
combustível, não é só a variável cambial que pesa na política de preços
praticada pela Petrobras. O valor do barril de petróleo no mercado
internacional também conta, e vem caindo vertiginosamente por conta da
restrição de demanda provocada pelo surto de coronavírus. Tanto que a estatal
decidiu reduzir em 9,5% o preço da gasolina nas refinarias.
Segundo a economista da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Izis
Ferreira, o impacto do câmbio não deve ser tão expressivo, porque as
commodities estão em baixa, o que compensaria a alta cotação do dólar. “Não
deve impactar no preço do pão por causa do preço da farinha de trigo, o que
acaba compensando em função do preço da commodity. Vivemos um momento diferente
de outros, quando o preço desses produtos estava internacionalmente alto”,
disse. Segundo ela, a gasolina também não deve ser um motivo de preocupação por
enquanto. “Claro que influencia, mas a cotação dos produtos caiu por conta da
menor demanda mundial”, explicou.
Izis destacou que a alta de
produtos está mais propensa a acontecer pela falta de matéria-prima, com
eventuais paralisações de indústrias provocadas pela pandemia do coronavírus.
“Pode haver um problema de abastecimento, com a falta insumos que são
importados e seriam comprados em dólar. No caso de eletrônicos, algumas
empresas já estão em alerta com a ausência de componentes, porque muitos
fornecedores importantes do Brasil estão parados”, disse.
Diário de Pernambuco
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