Casos de trombose após doses das vacinas contra a covid-19 de AstraZeneca e Janssen têm causado medo em muitos que aguardam ansiosamente para receber o imunizante. Pela baixa quantidade de casos relatados, por enquanto, a associação não está totalmente clara, mas já existem estudos em andamento para investigar a reação. Especulações sobre esses casos foram amplamente debatidas em abril passado, ganhando força nas redes sociais novamente esse mês de maio.“Pelo que sabemos da covid-19, entende-se que existe uma reação imune de forma inesperada da vacina, que causa distúrbio nas plaquetas sanguíneas, gerando coagulação, mas o mecanismo exato ainda não é conhecido”, diz o cirurgião vascular Márcio Barreto, chefe da cirurgia vascular do Hospital Unimed em Americana, São Paulo. Especula-se também que a reação possa estar ligada ao veículo usado em ambas as vacinas —dois tipos de adenovírus.
Com a vacina da
Oxford/AstraZeneca, até 4 de março, a EMA (Agência Europeia do Medicamento)
havia constatado 222 quadros de trombose entre 35 milhões de vacinados, cerca
de um a cada 175 mil imunizados. Já com o imunizante da Janssen, que é
subsidiária da empresa Johnson & Johnson, em sete milhões de vacinados,
seis casos de trombose foram identificados, menos de um caso por milhão.
Benefícios superam os riscos O
benefício é alto, pois a vacina reduz risco de hospitalização, doença grave e
morte com alta eficácia, entre 70% e 90%, dependendo do laboratório. “Pela incidência
pequena, não justifica não tomar a vacina por medo da trombose”,
explica Cristiano Cruz, cirurgião vascular do Hospital Universitário Alcides
Carneiro, da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), em
Campina Grande, Paraíba.
Já entre os infectados com
covid-19 que precisaram de hospitalização ou seja, sofrem de quadros mais
graves da doença—, a taxa de trombose é de 16,5%, segundo uma pesquisa com
3.342 pacientes (VEJA AQUI). “Além disso, é mais fácil
tratar isolada do que associada a covid-19, que pode trazer inúmeras
complicações além da trombose”, diz Barreto.
Os números podem variar de acordo com a população estudada e, no Brasil, a Anvisa aponta que mulheres usando alguns tipos de medicamento anticoncepcional têm um risco de 4 a 6 vezes maior de desenvolver tromboembolismo venoso do que as que não usam o remédio. Para fumantes, os casos são de 763 casos por milhão de pessoas. O quadro também pode ocorrer na gravidez— uma a cada um milhão de gestantes desenvolve o problema.
Para concluir, os casos de trombose registrados após a aplicação da vacina de Oxford são raríssimos: 100 casos em 25 milhões (risco de 0,00004%). O risco de se ter trombose após a infecção pelo COVID é de cerca de 16,5%. O risco após uso de pílulas anticoncepcionais orais é de 0,12%. Pode-se afirmar que os benefícios da vacinação são muito superiores ao seu risco.
É fundamental confiar nos profissionais envolvidos nas pesquisas e no tratamento da COVID-19. Há publicações sérias e confiáveis que mostram o direcionamento a seguir. É fundamental agora acelerar o ritmo da vacinação e não relaxar com as medidas de distanciamento social e uso de máscaras. Vacina e distanciamento social até que a maioria da população esteja imunizada. POR UOL/SAÚDE PLENA
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