O incêndio que na última
semana devastou mais de 30 mil hectares de floresta e matou 64 pessoas em
Portugal levantou mais uma vez o debate sobre os riscos do plantio de
eucalipto, uma atividade com crescente importância para a economia do país
europeu - assim como para o Brasil.
Nos dias que se
seguiram à tragédia em Pedrógão Grande, na região central do país, diversos
setores da sociedade portuguesa começaram a cobrar maior controle do plantio de
eucalipto, a árvore dominante na área afetada pelo incêndio e que representa
cerca de 30% de toda a cobertura florestal portuguesa.
Uma petição online
que já recolheu assinaturas suficientes para ser obrigatoriamente discutida no
Parlamento exige a revogação de um decreto-lei, assinado em 2013, que facilitou
o plantio do eucalipto. A
árvore apresenta alta rentabilidade financeira em curto prazo, mas também é
conhecida por ser muito inflamável.
"O decreto-lei
96/2013 implementou o novo regime de arborização, que liberaliza a plantação em
monocultura de eucalipto, deixando de ser necessário pedido de autorização
prévia às autoridades florestais para plantar até dois hectares", explica
o texto da petição. Segundo o engenheiro
zootécnico João Camargo, a política de incentivo à plantação de eucalipto não é
recente e causou uma mudança profunda no território do país europeu.
"Existe há algumas
décadas um predomínio total da pasta de celulose sobre outros setores da
indústria florestal, graças a uma sequência de governos responsáveis por uma
legislação muito favorável à proliferação do eucalipto", afirma Camargo,
doutorando em alterações climáticas e políticas de desenvolvimento sustentável
pela Universidade de Lisboa.
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