A doença cardiovascular é a
principal causa de morbidade e mortalidade na população feminina. Além dos
fatores de risco tradicionais como diabetes mellitus, hipertensão arterial,
colesterol alto, dieta inadequada, tabagismo, obesidade e sedentarismo, existem
os fatores de risco específicos da mulher: doenças autoimunes (artrite
reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico e psoríase), síndrome dos ovários
policísticos, tratamento do câncer de mama, menopausa, depressão e ansiedade.
Não é surpresa que o exercício físico é um grande aliado na
busca de saúde e longevidade, mas quando o assunto é saúde cardiovascular na
mulher, a prática regular de atividades ganha um protagonismo fundamental
devido aos inúmeros benefícios para o coração. Um estudo publicado no Journal
of the American College of Cardiology (JACC – Jornal do Colégio Americano de
Cardiologia, em tradução) aponta que mulheres que fazem exercícios físicos têm
24% menos chance de óbito por qualquer causa em comparação com as que não
praticam.
“Há também um risco reduzido
de 36% de ataque cardíaco fatal, acidente vascular cerebral ou outro evento
cardiovascular, enquanto os homens têm um risco reduzido de 14%. O estudo
concluiu que, mesmo quando mulheres e homens praticam a mesma quantidade de
atividade física, o risco de morte prematura é menor para elas”, informa Dra.
Cristina Milagre, cardiologista e médica do esporte do Hcor.
Entretanto, ainda existem alguns obstáculos que impedem a
prática contínua de exercício físico das mulheres como, por exemplo, as
barreiras econômicas, socioculturais e práticas. “É muito comum ouvirmos delas
que não têm tempo, ou que não têm dinheiro, ou até mesmo que não confiam em
algumas instalações por não se sentirem acolhidas e seguras. É importantíssimo
que ocorram intervenções o quanto antes para mudarmos essa realidade” aponta.
Segundo a American Heart Association (AHA – Associação
Americana do Coração, em tradução), são 8 os fatores essenciais para ter uma
boa saúde cardiovascular: dieta equilibrada, atividade física, não tabagismo,
índice de massa corporal, pressão arterial controlada, lipídios e glicemia
dentro do normal e, por fim, saúde do sono. Porém, é preciso que as mulheres
tenham cuidado com os fatores de risco não modificáveis.
“Durante a gravidez, os exercícios físicos podem
neutralizar os fatores de risco cardiovasculares. Mulheres que se exercitam
conforme o recomendado têm um risco 30% menor de desenvolver distúrbios
hipertensivos da gravidez e apresentam um perfil de risco cardiovascular
reduzido na perimenopausa. Já a menopausa apresenta um declínio nas
concentrações de estrogênio, levando a adaptações cardiometabólicas negativas e
aumentando o estado inflamatório. As atividades físicas revertem essas
adaptações”, reforça a Dra. Cristina.
A receita para prevenir qualquer doença é uma rotina
saudável e autocuidado. A maioria dos fatores de risco é modificável e está
relacionado ao estilo de vida. A especialista alerta ainda que os exames de
rotina anuais também são muito necessários para detectar previamente qualquer
alteração.
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