O impedimento do reajuste acontece porque a lei nacional do piso salarial para os professores, em vigor desde 2008, obriga que o piso seja atualizado anualmente no mês de janeiro com o mesmo percentual de crescimento do valor mínimo por aluno nos dois exercícios imediatamente anteriores. Entretanto, com a queda da receita do Fundeb, o valor mínimo por aluno diminuiu 2,6% entre 2019 e 2020.
Na
portaria do governo federal, o Ministério da Educação estabeleceu o valor
mínimo de R$ 3.349,56 investido por aluno da educação pública – a quantia,
antes, era de R$ 3.643,16. O novo valor é inferior ao observado em 2019, de R$
3.440,29. A nova estimativa reflete a queda da arrecadação dos principais
impostos que financiam o Fundeb – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) e os Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios (FPE e
FPM) –, causada pela pandemia do novo coronavírus.
Os
Estados e Municípios que não conseguem atingir o valor mínimo por aluno com a
arrecadação própria recebem um complemento de pelo menos 10% da arrecadação
total. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), os Estados e
Municípios que recebem este complemento devem receber um valor menor em
dezembro. O Rio Grande do Norte não está entre os entes que necessitam da
medida desde 2014.
Mas,
segundo o titular da Secretária de Estado da Educação, da Cultura e do
Lazer (SEEC/RN), Getúlio Marques, a redução do valor por aluno impacta
diretamente o reajuste salarial dos professores no ano que vem. “Essa é a
primeira vez que não vai haver um crescimento real do salário do professor, e
essa é uma preocupação enorme para nós porque a valorização do professor é uma
das nossas prioridades”, afirmou o secretário. A queda dos recursos, somente
para o Estado, é de R$ 102,6 milhões.
A
lei do piso nacional dos professores, aprovada em 2008, teve a atual
governadora Fátima Bezerra, então deputada federal, como relatora. “Vamos ver
como a situação vai ficar para o ano que vem, onde planejamos investir
principalmente na compra de equipamentos para alunos e preparar as escolas para
o retorno das aulas presenciais”, acrescentou Marques. O governo reservou R$ 8
milhões para adaptar as escolas públicas (compra de materiais e ampliação de
lavabos), mas com recursos próprios que não deve ter o impacto da redução do
Fundeb.
A lei do Fundeb estabelece que pelo menos 60% dos recursos do fundo sejam utilizados para a remuneração dos profissionais do magistério. O restante dos recursos pode ser utilizado com a manutenção e desenvolvimento do ensino, como pagamento de outros funcionários e financiamento do transporte escolar, material didático, reformas e construções de novas escolas.
Segundo
Varella, todo o recurso do Fundeb recebido pelo Município de Natal é utilizado
para a remuneração dos professores, que hoje está acima do piso nacional (R$
2.886,24). “Como os recursos do Fundeb são para financiar somente os
professores da ativa, e esses professores hoje recebem acima do piso, não deve
haver problemas no ano que vem. Em janeiro devemos começar a negociação com os
professores, mas permaneceremos acima do piso nacional”, declarou Varella.
Com
informações da Tribuna do Norte
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