
O Ministério da Saúde defendeu
o resultado da avaliação de uma equipe de médicos da Universidade de São Paulo
(USP) sobre o caso de reações adversas a vacinas contra HPV em jovens no Acre.
Segundo os profissionais, os pacientes tiveram uma crise “psicogênica”, e não
um problema em decorrência da substância aplicada na imunização.
A
apresentação ocorreu nessa semana, em Rio Branco, e contou com a presença de
representantes da Secretaria de Saúde, do Ministério Público e da Assembleia
Legislativa do estado. Mais de 80 jovens apresentaram diversos sintomas após
tomar a vacina, dando origem a suspeitas disseminadas em redes sociais.
A equipe de médicos da USP
selecionou 12 jovens e observou-os para avaliar a condição médica. O
diagnóstico não indicou qualquer reação à substância, mas o que definiram como
“crise não-epilética psicogênica”. Os sintomas teriam emergido em razão de um
conjunto de fatores, desde o receio em relação à própria vacina até condições
socioeconômicas. A crise se espalhou entre as pessoas da região.
“Esta
doença ocorre em razão de um conjunto de problemas psicossociais. O fator
estressante emocional é a vacinação. Não apenas o ato da vacinação, mas a
crença compartilhada por aquele grupo de que a vacina pode ser perigosa. Essa
apreensão provoca nas pessoas que já são vulneráveis o surgimento dos sintomas,
que são agravados por estímulos que vão reforçando a ocorrência das crises”,
disse o médico da USP Renato Luiz Marchetti.
Segundo
ele, essa reação já foi verificado em relação a outros tipos de vacina, como as
para o vírus H1N1, malária e tétano. Nesses casos, houve também um espraiamento
“a partir da crença compartilhado de que tem algo acontecendo”.
Marchetti
disse ainda que se a vacina não foi a causadora, tampouco os pacientes fingiu a
doença. Ele citou como elementos potencializadores da difusão das crises tanto
o tratamento equivocado na rede de saúde como a difusão de conteúdos nas redes
sociais.
“Alguns
pacientes não tiveram problemas acolhidos adequadamente, receberam tratamentos
incorretos. E houve o papel da rede social. Essas crises são suscetível à
sugestionabilidade. As mães postaram as crises e divulgaram na Internet,
expondo a outras crianças. E isso provoca o agravamento”, avaliou.
A
consultora da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) Maria Teresa da Costa
ressaltou que mais de US$ 300 milhões foram gastos em todo o mundo para
examinar a eficácia da vacina contra o HPV, que atestaram o caráter seguro
dela. Os eventos que ela pode produzir, acrescentou, são locais e de resolução
espontânea, como dores, febre e mal estar localizados.
Costa
destacou a importância da vacinação para prevenir a ocorrência do câncer de
colo de útero. “Este câncer está matando mulheres e essa vacina protege em 100%
para os tipos existentes. De concreto temos que o câncer mata e esta vacina
previne e é importante ser imunizado jovem pois melhora a resposta”, defendeu a
consultora.
Esclarecimento
O representante do Ministério
da Saúde no evento, Júlio Groda, reforçou a análise da equipe médica e criticou
a suspeição sobre o diagnóstico. Ele lembrou que o órgão possui um canal para
fornecer esclarecimentos sobre notícias falsas acerca de temas sobre saúde. O
canal pode ser acessado tanto pelo site da pasta
(http://www.saude.gov.br/fakenews) quanto pelo Whatsapp, no número
(61)99289-4640.
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