Pelo menos 38 pessoas
morreram nesta quarta-feira (21) em ataques de mísseis e bombas pró-governo, na
região de Guta Oriental, reduto rebelde nos arredores de Damasco, na Síria,
segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
De acordo com essa organização, desde a noite de domingo,
pelo menos 310 pessoas morreram e 1550 ficaram feridas. Entre os mortos estão
pelo menos 60 crianças.
Moradores do enclave, que abriga mais de 400 mil pessoas
cercadas e vivendo em péssimas condições, disseram estar "esperando sua
vez de morrer". É o quarto dia de fortes ataques ao local, alvo de um dos bombardeios mais pesados em sete anos de guerra civil.
O ritmo dos bombardeios pareceu diminuir durante a noite,
mas sua intensidade foi retomada na manhã desta quarta-feira, segundo o OSDH.
Nas localidades de Arbin e Ain Turma, as forças governamentais lançaram barris
de explosivos, uma arma denunciada pela ONU e diversas ONGs, também de acordo
com o OSDH. Os bombardeios provocaram muitos danos, em particular em
hospitais, que ficaram sem condições de funcionar.
Ofensiva
A nova
campanha aérea contra Guta Oriental começou no domingo, após a chegada de
reforços para uma ofensiva terrestre que ainda não teve início. O governo quer reconquistar esta região, a partir da qual
os rebeldes lançam projéteis contra Damasco. Guta Oriental é o último reduto controlado pelos rebeldes
perto da capital síria. Segundo o jornal "Al Watan", ligado ao
governo, os bombardeios "são o prelúdio de uma operação terrestre de
grande envergadura que pode começar a qualquer momento".
Crimes de Guerra'
A
oposição no exílio denunciou uma "guerra de extermínio" e criticou o
"silêncio internacional" a respeito dos "crimes" do regime
de Bashar al-Assad na guerra que começou há quase sete anos.
Na terça-feira (20), a ONU pediu o fim imediato dos ataques contra civis em
Guta oriental.
Também na terça, a Anistia Internacional afirmou que os
ataques constituem crimes de guerra e pediu ação imediata da comunidade
internacional. "O Governo sírio, com o apoio da Rússia, está atacando de
forma proposital seu próprio povo em Guta Oriental", afirmou a
pesquisadora da AI sobre a Síria, Diana Semaan, em comunicado.
Semaan lamentou que "a
comunidade internacional tenha permanecido junto ao Governo sírio" desde o
início do conflito e lembrou que as autoridades do país árabe "cometeram
crimes contra a humanidade e de guerra com total impunidade".
Na sua opinião, o Conselho de Segurança da ONU deve fazer
cumprir com suas próprias resoluções, que pedem o fim dos assédios em áreas
civis e os ataques contra a população, assim como o acesso humanitário sem
impedimentos. "Os membros permanentes (do Conselho de Segurança),
incluída a Rússia, não deveriam bloquear as medidas para pôr fim e reparar o
grande número de atrocidades", indicou.
Em consequência, Semaan ressaltou que é
"imperativo" que o Conselho de Segurança mande uma mensagem
contundente de que não haverá impunidade para aqueles que perpetrem crimes de
guerra e contra a humanidade.
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