A cantora Angela Maria morreu
na noite de sábado (29), por volta das 22h, após 34 dias internada no Hospital
Sancta Maggiore, na Mooca, em São Paulo. Segundo informações de sua assessoria,
ela não resistiu a uma infecção bacteriana. A artista, chamada de “Rainha do
Rádio”, tinha 89 anos e acabara de completar 70 de carreira.
Nascida em Conceição de Macabu, distrito de Macaé (RJ),
Abelim Maria da Cunha, seu nome de batismo, começou a cantar ainda muito jovem
no coro de uma igreja batista no Estácio, tradicional bairro carioca. Filhos do
pastor da igreja, ela e os irmãos cantavam nos cultos.
Angela costumava mostrar seu talento também na fábrica de
lâmpadas em que trabalhava e, mesmo contra a vontade da família, começou a
participar de programas de calouros em busca do sonho de sua vida: ser artista
de rádio.
No início, imitava a grande Dalva de Oliveira e venceu
muitos concursos musicais. De acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música
Popular Brasileira, Angela Maria, nome artístico adotado para não chamar a
atenção da família, foi descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime
Moreira e levada para a Rádio Mayrink Veiga.
A cantora se apresentou em muitos programas de rádio e,
aos poucos, abandonou as imitações de Dalva de Oliveira e desenvolveu o seu
próprio estilo, tão marcante que influenciou outra grande artista brasileira em
seu início, Elis Regina.
“Babalú”, canção de Margarita Lecuona, foi um dos maiores
sucessos da “rainha da voz”. Sambas-canções e boleros eram a sua marca
registrada. Angela Maria gravou ao longo da carreira mais de 100 discos. Seu
último trabalho foi “Angela Maria e as Canções de Roberto & Erasmo”,
lançado em 2017 pela gravadora Biscoito Fino.
A carreira da “Sapoti”, outro apelido, este dado pelo
presidente Getúlio Vargas, era repleta de números grandiosos: foram milhares de
discos vendidos, pelo menos 50 canções que chegaram ao topo das paradas, 250
capas de revistas e centenas de shows.
Entre as apresentações mais marcantes estavam a que fazia
ao lado de um amigo de seis décadas, Cauby Peixoto. “Perdi um irmão”, ela
declarou quando o cantor morreu, em 2016.
Morte
A morte da cantora foi anunciada oficialmente no início
da madrugada deste domingo (30) por meio de um vídeo postado na página “Angela
Maria Oficial”, do Facebook. No vídeo, o marido Daniel D´Angelo contou que ela
estava sofrendo muito no hospital. Ele falou ao lado do assessor Rodrigo Giglio
e de Alexandre, um dos filhos da artista. Durante a madrugada, vários artistas e fãs utilizaram as
redes sociais para lamentar a morte e prestar homenagens.
“O céu em festa. Nossa eterna rainha, uma das maiores
vozes que nosso Brasil produziu. Setenta anos de uma carreira gloriosa. Uma
inspiração na vida de todos nós, minha querida Angela Maria. Salve salve a
rainha do rádio”, escreveu a cantora Elza Soares.
A cantora Alcione afirmou que Angela Maria foi uma grande
referência para sua arte. “Ficam meus eternos agradecimentos por todas as
coisas lindas que ouvi em sua voz. Perdemos a maior cantora do Brasil, de
todos os tempos”.
Autor da biografia “Angela Maria: A Eterna Cantora do
Brasil”, o pesquisador Rodrigo Faour a definiu como uma das mais importantes e
influentes cantoras do Brasil de todos os tempos.
“Sempre no palco e gravando, de 1951 até hoje. O público
foi sendo ativado por sua voz quente, potente e afinada, que tinha efeito
‘Abra-te Sésamo’. A cada vez que abria a boca para cantar, mais uma porta se
abria, mais fãs fazia e novas oportunidades profissionais se apresentavam”,
escreveu nas redes sociais.
Thiago Marques Luiz, empresário da cantora, também fez sua homenagem.
“Não houve (e por certo não haverá) nenhuma cantora na
nossa música com história semelhante em termos de produtividade, importância e
longevidade”, disse.
Além do marido, Angela Maria deixa quatro filhos.
Via: FOLHAPRESS
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