Uma dor é
considerada crônica quando dura mais de três meses, mas esse incômodo – que
pode ser severo – às vezes se estende por anos. Muita gente passa a conviver
com limitações no seu dia a dia, como se o problema não tivesse solução. Mesmo
que não seja possível eliminá-la por completo, o manejo da dor crônica é
fundamental para garantir não só saúde física, mas igualmente a mental, como
explica o doutor Claudio Corrêa, neurocirurgião especialista em dor pela
Associação Médica Brasileira. Com mais de 30 anos de atuação, ele tem mestrado
e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP e é o
coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho,
em São Paulo. “Nenhum caso deve ser considerado irrelevante, porque um processo
doloroso e contínuo pode deflagrar ansiedade e depressão. A dor crônica vai minando
a capacidade de tolerância da pessoa”, afirma, acrescentando que o inverso
também ocorre: situações de grande tensão emocional servem de gatilho para
crises dolorosas.
A partir dos 50 anos, alguns
tipos de dor crônica são mais comuns, como as artroses (subsequentes ao
processo inflamatório das artrites), mas o doutor Claudio Corrêa chama a
atenção para as dores neuropáticas, provocadas por lesões do sistema nervoso,
que pode ser incapacitantes: “cerca de 30% dos diabéticos apresentam uma
neuropatia periférica, com um quadro de queimação constante nos membros
inferiores e depois superiores, principalmente nas suas extremidades. Essa é
uma dor causada por alterações nos vasos sanguíneos e que pode ser minimizada”.
A neuralgia do trigêmeo também é prevalente em indivíduos mais velhos – e quem
teve a descreve como um choque paralisante. Papiros já tratavam do problema, só
para se ter uma ideia de como ele aflige a humanidade há milênios.
Infelizmente, diz o médico, não existe uma cadeira de
tratamento da dor na grade curricular das faculdades de medicina, mas as
universidades criam “ligas de dor” como atividade extracurricular para os
interessados nesse campo de estudo. É por isso que, nos grandes centros,
deve-se buscar atendimento público em hospitais de clínicas e universitários,
inclusive porque o tratamento é multidisciplinar, envolvendo medicação,
fisioterapia, hidroterapia e acompanhamento psicológico. Normalmente, ele
começa com as alternativas mais simples até chegar às complexas, como bloqueios
e agulhamento. A cirurgia é o recurso quando há reações alérgicas ou
intolerância a medicamentos, com o implantes de eletrodos na medula ou no
cérebro; ou de dispositivos de armazenamento de analgésicos que liberam a
substância no organismo. A automedicação é a pior alternativa. Para o doutor
Claudio Corrêa, as pessoas não têm consciência do risco que correm: “o paciente
pode retardar um diagnóstico importante. Imagine alguém que comece a ter dores
de cabeça diárias. Se tomar um analgésico, vai melhorar, mas isso pode camuflar
uma doença mais séria e comprometer o tratamento”.
Via:
Globo. Com
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