Pesquisadores da Faculdade
de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP)
desenvolveram uma pomada capaz de secar as feridas labiais causadas pelo herpes
tipo 1 em até dois dias. A substância também promete evitar a reincidência da
doença, que é causada pelo vírus herpes simplex, atinge cerca de 90% dos
brasileiros, mas só se manifesta quando o sistema imunológico está mais
fragilizado.
Caracterizado pela vermelhidão, ardor e pequenas bolhas
na região do lábio e da boca, o herpes tipo 1 não tem cura. O tratamento é
feito com o uso de medicamentos que aliviam os sintomas durante o período de
manifestação do vírus, entre 5 a 10 dias. O pesquisador Vinícius
Pedrazzi explica que a nova pomada acelera o tempo de cicatrização das feridas
porque age na estrutura genética do vírus, e também é capaz de reduzir a
reincidência da doença.
“Há pessoas que têm uma vez por semana, uma vez por mês,
todos os meses, algumas têm uma vez por ano e muitos não vão ter a vida
inteira. Com o nosso tratamento, muitos pacientes não têm mostrado recidiva”,
afirma. Pedrazzi conta que a pesquisa teve início há três anos,
depois que aplicou um anestésico em uma paciente que sentia dores decorrentes
das feridas causas pelo herpes, para conseguir implantar uma prótese
ortodôntica.
No dia seguinte ao procedimento, a paciente ligou no
consultório do pesquisador para dizer que as bolhas haviam desaparecido. A
partir daí, Pedrazzi começou a desenvolver o gel, que tem como base o
anestésico que havia utilizado. “A maioria relata já
ausência de sinais nas primeiras horas, e dos sintomas também. A gente nota que
tem início o processo de cura e cicatrização em poucas horas. Geralmente, entre
24 a 48 horas, no máximo, já está em processo avançado de cicatrização”, diz.
Ao todo, são três aplicações, sendo que a primeira é
feita sob a orientação e supervisão dos pesquisadores no laboratório. As outras
duas ocorrem na casa do paciente, após oito e 16 horas da primeira aplicação. Pedrazzi explica ainda que, diferente das pomadas
disponíveis no mercado, o gel desenvolvido na USP é incolor e seca rapidamente,
características que agradam os pacientes, que não precisam circular em lugares
públicos com marcas esbranquiçadas na boca.
“Não tem o aspecto estigmatizante daquele creme branco no
lábio, junto com a ferida, e que demonstra que a pessoa está com herpes”,
afirma Pedrazzi. “Já temos acompanhamento de casos com dois anos sem recidiva”,
completa. O pesquisador afirma que está tentando patentear a nova
pomada, ainda em fase de testes com 115 pacientes. Uma empresa está interessada
na substância, mas ainda não há prazo para venda do medicamento no mercado.
Por Jornal da EPTV 1ª edição
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