O número de mortos no
terremoto registrado na ilha de Java, na Indonésia, nesta segunda 21, subiu
para 252, afirmou o governador da região. A cifra, disse ele, inclui muitas
crianças, que estavam na escola na hora do tremor -13h do horário local- e
morreram após os prédios das instituições desabarem.
O terremoto de magnitude 5,6 na escala Richter, uma cifra
relativamente comum na Indonésia, que recorrentemente registra tremores de
magnitude 6 ou 7, foi agravado porque atingiu a terra em uma profundidade
relativamente rasa –10 km abaixo do solo. O cenário foi acentuado pelo fato de
Cianjur, a cidade mais afetada e localizada na populosa província de Java
Ocidental, estar em uma região montanhosa e ter infraestrutura precária.
Autoridades disseram que muitos morreram quando prédios mal construídos
desabaram.
O presidente indonésio, Joko
Widodo, que há poucos dias recepcionava lideranças mundiais na ilha de Bali
para a cúpula do G20, visitou o local e disse que a prioridade do governo será
retirar as pessoas das áreas afetadas –13 mil já teriam sido deslocadas– e
reconstruir estradas destruídas por deslizamentos de terra consequentes do
tremor. “O governo também fornecerá assistência aos residentes cujas casas
foram afetadas pelo terremoto; a construção de novas casas deve cumprir padrões
de construção resistentes aos tremores”, disse ele.
O país asiático se estende
pelo chamado Círculo de Fogo do Pacífico, zona sísmica altamente ativa onde
diferentes placas da crosta terrestre se encontram, gerando um número maior de
terremotos e vulcões. Com um hospital local destruído e outros sobrecarregados,
o atendimento a muitos dos feridos foi realizado nas ruas e estacionamentos de
Cianjur. À agência de notícias Reuters Cucu, 48, disse que sua casa desmoronou
sobre ele. Dois de seus filhos sobreviveram após ele os desenterrar. O terceiro
está desaparecido.
Hesti, parente de Cucu,
afirmou que muitos corpos podem ser vistos aos arredores do hospital. Cenas
registradas pela TV Kompas indonésia mostram também pessoas segurando cartazes
de papelão pedindo comida e abrigo –suprimentos demoram a chegar, em parte devido
à destruição parcial de vias públicas. Um internato islâmico de Cianjur foi uma
das estruturas destruídas pelo terremoto. Lá, acredita-se, morreram muitas
crianças. Aprizal Mulyadi, 14, estudante da instituição, disse à agência AFP
que o quarto onde estava desabou, e escombros cobriram suas pernas.
Ele conseguiu escapar graças à
ajuda do amigo Zulfikar, que faleceu pouco depois ao ficar preso no local.
“Fiquei arrasado ao vê-lo ali, preso, mas não consegui ajudar porque minhas
pernas e costas estavam feridas”, relatou. “Tudo aconteceu tão rápido.” Oficiais
de emergência relataram ao jornal americano The New York Times que ao menos
2.800 casas, 13 escolas e dez prédios da administração pública de Cianjur foram
danificados.
Na manhã desta terça 22, 90%
da rede elétrica de Cianjur, afetada pelo tremor, havia sido restabelecida. Em
luto, muitas pessoas aguardam que autoridades entreguem os corpos de seus
familiares para que possam enterrá-los de acordo com os ritos islâmicos. A
cifra de mortos ainda deve crescer, à medida que mais vítimas são encontradas
entre os escombros. A Agência Nacional de Desastres da Indonésia, a BNPB,
oficialmente mantém a cifra de 103 mortos e 31 desaparecidos, ainda que o
governador de Java Ocidental, Ridwan Kamil, atualize que o número mais do que
dobrou.
Via: Folhapress
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