O
número de mortos após a passagem do ciclone Idai subiu para 446 em Moçambique,
segundo o ministro de meio ambiente do país, Celso Correia. O ministro também
afirmou que 531 mil pessoas foram afetadas, sendo 110 mil delas no campo.
A
tempestade também matou 259 pessoas no Zimbábue e 56
pessoas morreram no Malaui em fortes chuvas que ocorreram antes
do ciclone. Com isso, o total de mortos devido ao fenômeno da natureza subiu
para 761. "O
balanço pode subir porque algumas regiões estavam isoladas até agora e começam
a ficar acessíveis", afirmou o Escritório das Nações Unidas para a
Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Risco de epidemia
Agora, as autoridades
de Moçambique se preparam para uma epidemia "inevitável" de doenças
transmitidas pela água, em particular cólera, que pode afetar centenas de
milhares de sobreviventes. Com a redução do nível da água, as equipes de
emergência prosseguem com as operações de distribuição de alimentos e de
reconstrução das estradas. E o governo moçambicano e as agências humanitárias
alertam para o risco de doenças transmitidas pela água.
"É inevitável que apareçam casos de
cólera e malária", disse o ministro Correia, que anunciou um centro de
tratamento de cólera. A Cruz Vermelha anunciou nesta sexta os primeiros casos
de cólera em Moçambique, mas a ONU e o governo de Maputo indicaram que ainda
não há casos registrados. "Teremos doenças transmissíveis pela água",
advertiu Sebastian Rhodes-Stampa, do OCHA. "Mas com centros instalados,
seremos capazes de administrar a situação", completou.
Quase dois milhões de pessoas foram
afetadas pelo ciclone e as inundações na África austral. Em Moçambique, mais de
100 mil pessoas estavam em abrigos de emergência, em sua maioria escolas. Em
Beira, os sobreviventes lutam para receber alimentos e roupas, enquanto a Cruz
Vermelha tenta reunir os membros de famílias separadas. Dez dias após a
passagem do ciclone, a "logística" para tentar localizar os
desaparecidos continua sendo um desafio, afirmou a OCHA.
Ao menos 80% da infraestrutura elétrica de Dondo, a 30 km de
Beira, foi danificada. Beira, segunda maior cidade do país, de 500 mil
habitantes, continua parcialmente sem energia elétrica. As equipes de emergência conseguiram concluir as obras de
reparo na única rodovia de acesso à cidade, que foi parcialmente arrasada pelas
águas. Apesar das dificuldades, a
população tenta retomar a vida normal. Os sobreviventes iniciaram a
reconstrução das casas com os poucos recursos à disposição. A catedral Ponta
Gea, que milagrosamente escapou ilesa da tempestade, recebeu neste domingo uma
missa em homenagem às vítimas.
O
ciclone Idai passou pela cidade portuária da Beira, com ventos de até 170 km/h
na semana passada, e depois foi em direção ao interior do continente, pelo
Zimbábue e Malaui, deixando populações inundadas e devastando casas.
G1
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