O
ex-presidente Michel Temer foi preso nesta quinta-feira por causa dos vários
crimes que cometeu ao longo de toda a vida e estranho seria se não tivesse sido
detido, disse o coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro,
procurador da República Eduardo El Hage.
Em
entrevista coletiva sobre a operação Descontaminação, que apura irregularidades
na Eletronuclear e no âmbito da qual Temer foi preso mais cedo, procuradores da
Lava Jato no Rio acusaram o ex-presidente de comandar uma organização criminosa
que “assalta” o país há mais de 40 anos. “Estranho
seria se Michel Temer não tivesse sido preso. A prisão dele é decorrência
lógica de todos os crimes que ele praticou durante uma vida inteira,
pertencendo a uma organização criminosa muito sofisticada”, disse El Hage.
“A forma como ele praticava os crimes —sempre por
interposta pessoa, sempre utilizando contratos fictícios, pagamentos em
espécie— é algo que nos causou muita surpresa mesmo depois de três anos de Lava
Jato”, acrescentou. Para
a defesa de Temer, a decisão de prender o ex-presidente se baseou em suspeitas
calcadas numa delação premiada e não existem provas que a sustentem. “O
presidente Temer está bastante tranquilo, ele confia na Justiça, como sempre
confiou”, disse o advogado Thiago Machado, após a entrevista coletiva da
força-tarefa.
Na
entrevista, El Hage fez questão de esclarecer que os procuradores pediram a
prisão de Temer à Justiça na sexta-feira passada e que o pedido foi aceito pelo
juiz federal Marcelo Bretas na terça, antes, portanto, do atrito entre o
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o presidente da Câmara
dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) por conta da tramitação na Câmara do
pacote anticrime proposto por Moro.
O
ex-ministro Moreira Franco, também preso na operação Descontaminação, é
padrasto da mulher de Rodrigo Maia, o que levantou suspeitas de que a operação
desta quinta seria uma retaliação de Moro, a quem a Polícia Federal está
subordinada, ao presidente da Câmara. De
acordo com os procuradores, a organização criminosa que seria chefiada por
Temer atuou em vários órgãos públicos e a soma de propinas recebidas e
promessas de vantagens indevidas somam 1,8 bilhão de reais ao longo dos vários
anos que o grupo atuou desviando recursos públicos. “São várias (entidades em que
o grupo atuou), Ministério da Agricultura, Secretaria de Aviação Civil, Caixa
Econômica Federal”, disse El Hage.
“Como
eu falei, essa é uma organização criminosa que vem assaltando os cofres
públicos há décadas e não escolhia órgãos públicos. Todos os órgãos públicos
onde houvesse influência do MDB, havia uma possibilidade, uma oportunidade de
ganho espúrio”, disse. De acordo com o coordenador, Temer atuava na área
política enquanto o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo João
Batista Lima Filho era um de seus operadores financeiros, responsável pelo
recebimento de propinas.
“O
Coronel Lima é um dos operadores financeiros, apenas um deles, um dos
operadores financeiros do ex-presidente Michel Temer. E tinha como função
arrecadar valores espúrios e de vantagens indevidas em razão de obras que eram
contratadas com o governo federal”, disse El Hage. Os
promotores disseram ainda que a prisão preventiva de Temer se justifica para
“garantir a ordem pública” e o andamento das investigações, já que afirmam ter
indícios de que houve tentativas de atrapalhar a apuração.
Fonte: Agencia Reuters
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