A companhamento
de longo prazo com homens que utilizaram a finasterida mostra que a droga não
aumenta risco de forma letal de câncer de próstata. O achado é particularmente
importante porque um estudo de 2003 mostrou que o medicamento poderia ter um
efeito paradoxal: ele diminuía a chance do câncer de forma geral, mas aumentava
risco de um tipo específico e letal. Pesquisa mais profunda apresentada no
sábado (19), no entanto, diz que o resultado não procede.
Os resultados foram
divulgados em encontro anual da Associação Americana de Urologia. A finasterida
é um medicamento comum usado para tratar os sintomas do aumento da próstata (em
altas doses) e da calvície masculina (em baixas dosagens). O medicamento impede
que a testosterona vire a diidrotestosterona, forma do hormônio que tem uma
ação sobre a perda do cabelo de homens e sobre o crescimento da próstata.
A polêmica com o
medicamento, contudo, começou em 2003 com pesquisa publicada no "New England Journal of
Medicine". A pesquisa com 18.882 homens mostrou que, ao mesmo tempo
em que a finasterida poderia ter um resultado positivo significativo (reduzia o
câncer de próstata em 25%), ela também aumentava em 68% a chance de tumores de
alto grau e letalidade.
O achado levou o FDA a
incluir um alerta no rótulo do medicamento. O FDA (Food And Drug
Administration) é um órgão americano similar à Anvisa nos Estados Unidos e é
responsável pela regulação de medicamentos e pela garantia de boas práticas da
indústria farmacêutica.
O estudo era inicial e
pesquisadores tomaram para si a tarefa de analisar se o resultado era
consistente ao longo do tempo. A pesquisa apresentada em 2003 avaliou homens de
1993 a 1997; a equipe do estudo atual voltou a esse banco de dados e o comparou
com um outro banco: o de óbitos nacionais americanos.
Com a comparação entre esses dois bancos de dados,
chegou-se às seguintes conclusões:
1. Pesquisadores encontraram 42 mortes por câncer de
próstata em homens que utilizaram o medicamento por um tempo médio de 18,4
anos;
2. No entanto, cientistas também encontraram 56 óbitos
também por câncer de próstata no grupo que usou placebo (pílula sem efeito,
usada em pesquisa para tentar tirar a influência "psicológico" do
tratamento sobre os resultados);
3. Ambos os homens (os que utilizaram medicamento ou
placebo) viveram a mesma quantidade de tempo.
"Não
encontramos risco aumentado de morte por câncer de próstata em homens que
tomaram finasterida em comparação com homens que não utilizaram o
medicamento", diz Ian Thompson, pesquisador que coordenou o estudo.
Thompson
é professor emérito da Universidade do Texas e coordena todas as pesquisas em
urologia no SWOG, uma rede de oncologistas que recebe financiamento do
Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos para pesquisas. Ele explica que o câncer de
próstata é o câncer mais diagnosticado em homens. Ele acredita ser o
medicamento, inclusive, uma forma eficaz de prevenir o câncer.
Thompson diz ainda que a
pesquisa demonstrou que o medicamento aumentou a chance de detecção de câncer
de próstata em triagens e biópsias -- inclusive os de maior grau. Contudo, a droga não está
livre de outros efeitos colaterais, apontam pesquisadores. Ela pode levar à
impotência em alguns casos, também há relatos de crescimento anormal das mamas
e dor nos testículos. A maior dos efeitos desaparecem, segundo a bula, depois
que a terapia é interrompida.
Via: G1
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