Como já é tradição, a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre oficialmente nesta
quarta-feira de Cinzas, (06/03), a Campanha da Fraternidade (CF). Neste ano de
2019 o tema é “Fraternidade e Políticas Públicas” e o lema “Serás libertado
pelo direito e pela justiça” (Is 1,27).
Nesta Campanha, que se
desenvolve mais intensamente no período da Quaresma, a Igreja Católica busca
chamar a atenção dos cristãos para o tema das políticas públicas, ações e
programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos
que são previstos na Constituição Federal e em outras leis.
CNBB
O
cardeal Sergio da Rocha, presidente da CNBB, disse que o objetivo da campanha
deste ano é estimular a participação dos cristãos na construção e acompanhamento
das políticas públicas, esclarecendo que a Igreja não adota uma postura
politico-partidária.
Sobre a reforma da
Previdência, o cardeal disse que a CNBB ainda avaliará o texto enviado pelo
governo. Segundo ele, o importante é assegurar os direitos dos menos
privilegiados e evitar retrocessos de conquistas dos trabalhadores. “É muito
importante o diálogo. Não apenas entre o governo e o Congresso, mas um diálogo
que escute todos os segmentos da sociedade”, disse. Segundo o cardeal, a Igreja
já manifestou essa preocupação em governos anteriores que tentaram aprovar
mudanças na Previdência.
Mensagem
do Papa Francisco
O
Papa Francisco também este ano enviou uma mensagem por ocasião da abertura da
Campanha da Fraternidade.
Queridos irmãos e irmãs do
Brasil! “Com o início da Quaresma, somos convidados a preparar-nos, através das
práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, para a celebração da
vitória do Senhor Jesus sobre o pecado e a morte. Para inspirar, iluminar e
integrar tais práticas como componentes de um caminho pessoal e comunitário em
direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da Fraternidade propõe aos cristãos
brasileiros o horizonte das “políticas públicas”.
Muito embora aquilo que se
entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do
Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e
instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam
«o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias
e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium et
spes, 74).
Cientes disso, os cristãos –
inspirados pelo lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado pelo
direito e pela justiça» (Is 1,28) e seguindo o exemplo do divino Mestre que
“não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28) – devem buscar uma
participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo,
que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na
justiça. De fato, como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de nosso
continente, conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação
batismal, os que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir
uma cidade temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n. 505).
De modo especial, àqueles que
se dedicam formalmente à política – à que os Pontífices, a partir de Pio XII,
se referiram como uma «nobre forma de caridade» (cf. Papa Francisco, Mensagem
ao Congresso organizado pela CAL-CELAM, 1/XII/2017) – requer-se que vivam «com
paixão o seu serviço aos povos, vibrando com as fibras íntimas do seu etos e da
sua cultura, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que
anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que não se deixem
intimidar pelos grandes poderes financeiros e mediáticos, sendo competentes e
pacientes face a problemas complexos, sendo abertos a ouvir e a aprender no
diálogo democrático, conjugando a busca da justiça com a misericórdia e a
reconciliação» (ibid.).
Refletindo e rezando as
políticas públicas com a graça do Espírito Santo, faço votos, queridos irmãos e
irmãs, que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da
Fraternidade, ajude todos os cristãos a terem os olhos e o coração abertos para
que possam ver nos irmãos mais necessitados a “carne de Cristo” que espera «ser
reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Bula Misericórdia
vultus, 15). Assim a força renovadora e transformadora da Ressurreição poderá
alcançar a todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa. E para lhes
confirmar nesses propósitos, confiados na intercessão de Nossa Senhora
Aparecida, de coração envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que
nunca deixem de rezar por mim.”
Vaticano, 11 de fevereiro de
2019.
[Franciscus PP.]
Mensagem da Procuradora-geral
da República
A procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, disse que o papel do Ministério Público é zelar para
que as políticas públicas incluam todos os cidadãos, alertando que as medidas
adotadas pelo Estado não podem discriminar e devem contribuir para o combate da
corrupção, criminalidade, violência e pobreza.
“São os mais pobres, sempre,
as maiores vítimas do egoísmo humano. E a solidariedade é o seu maior
antídoto”, disse a procuradora ao participar do lançamento da Campanha da
Fraternidade, organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
cujo tema este ano é Fraternidade e Políticas Públicas.
Ao comentar a proposta de
reforma da Previdência, Dodge adotou um tom prudente, e disse que todo e
qualquer governo deve prezar pela Constituição, que, segundo ela, estabelece
critérios para um Estado fraterno.
Fonte:Portal Kairós e
Agencia Brasil
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