A pandemia do coronavírus
bateu um novo recorde neste fim de semana no Brasil, em um sinal de que ainda
está longe do fim, estacionando num platô demasiadamente alto que desde o
início do mês se mantém acima de mil mortes diárias.
No
sábado, a média móvel indicou 1.097 óbitos por dia ao longo de uma semana. Onze
estados ainda testemunham aumento no número diário de óbitos por Covid-19, em
um cenário atribuído pelos cientistas ao afrouxamento excessivo e à
desobediência às regras de isolamento social e à falta de coordenação pelo
governo federal.
O
Ministério da Saúde está sem titular desde meados de maio. Desde então, a média
móvel diária de mortes aumentou 52%. Em estados como o Rio de Janeiro, apontam
os especialistas, a situação é agravada pela falta de diálogo também entre
prefeituras e o governo estadual.
O país registrou ontem 23.467 novos casos e 556 novos óbitos por coronavírus, segundo um consórcio de veículos de imprensa formado por O GLOBO, Extra, G1, UOL, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Ao todo, o país registra 2.419.901 infecções e 87.052 mortes em decorrência da Covid-19.
Dos 124 dias de média móvel diária calculados — a partir de 24 de março, sete dias após a primeira morte no Brasil — o país ficou num patamar superior a mil óbitos em 41 dias. Desde 3 de julho não baixa dessa faixa. Isto representa 33% dos dias em que o cálculo foi feito.
O número mostra como a letalidade da doença vem avançando sobre o país, que tem tendência de estabilidade no número de óbitos, mas permanece num platô alto demais.
— O índice atual mostra que o país soma mais 7 de mil novas mortes por semana, ou 30 mil por mês. É muito provável que cheguemos a 200 mil até o final do ano — calcula Gabriel Maisonnave Arisi, pesquisador da Escola Paulista de Medicina da Unifesp. — As regiões Sul e Centro-Oeste são as que mais sentem o impacto hoje, mas o contágio e os óbitos não sobem apenas nestas localidades. Há grandes bolsões populacionais ainda não expostos ao vírus.
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