Um estudo publicado em
setembro na revista científica PLOS One indica que o uso de celular no vaso
sanitário pode estar associado a um aumento de 46% no risco de hemorroidas.
Segundo Trisha Pasricha, gastroenterologista da Escola de Medicina de Harvard e
pesquisadora-chefe do trabalho, “isso está associado a um aumento de 46% no
risco de hemorroidas”.
A pesquisa ouviu 125 adultos
durante colonoscopias preventivas. Metade dos usuários de smartphone relatou
permanecer sentada no vaso por mais tempo do que o necessário por causa do
aparelho. Pasricha afirmou que o assento aberto “aumenta a pressão sobre os
músculos do assoalho pélvico, o tecido conjuntivo em torno das hemorroidas e
sobre as próprias hemorroidas”.
Todos têm hemorroidas,
estruturas vasculares localizadas na junção do reto com o ânus. Quando aumentam
de tamanho devido à pressão do esforço para evacuar, podem causar coceira,
ardência e sangramento. Especialistas indicam medidas para evitar o problema.
Entre elas estão limitar o tempo no vaso sanitário a cinco minutos — “esse deve
ser o limite absoluto”, disse Pasricha —, deixar o smartphone de lado, adotar
postura com joelhos acima da altura dos quadris, consumir mais fibras e buscar
orientação médica sempre que necessário. Sobre a distração causada pelo
celular, Pasricha citou a “regra dos dois TikToks” como forma de interromper o
hábito.
Ulrich Tappe afirmou que as fibras podem “amolecer as fezes endurecidas, evitando o esforço”. Ele também disse que as hemorroidas podem se agravar com esforço repetido. As hemorroidas afetam mais da metade dos adultos em algum momento da vida, segundo especialistas. Casos são frequentes na terceira idade, em situações de constipação crônica e durante a gravidez. Por vergonha, muitas pessoas só procuram atendimento em estágios avançados. Pasricha declarou: “Não há nada de vergonhoso em nossos corpos. Podemos resolver muitos problemas de saúde se levarmos nosso intestino a sério, mas somente se começarmos a falar sobre ele”.
O professor Mauro D’Amato, da
Universidade LUM, na Itália, afirmou que o tema ainda é tabu. “As hemorroidas,
assim como a síndrome do intestino irritável, continuam sendo um tabu. Todos se
identificam com elas, mas quase ninguém fala sobre o assunto.” Em estudo
genômico realizado no Instituto Karolinska, na Suécia, D’Amato identificou 102
regiões no genoma associadas a risco maior de hemorroidas.
O interesse público pelo tema
tem aumentado, segundo ele, impulsionado por relatos de influenciadores.
“Quando pessoas famosas falam sobre o problema, muitas dizem: ‘ah, eu também
tenho isso’. Isso aumenta a conscientização, mais pessoas vão ao médico e algumas
delas são recrutadas para estudos. Isso contribui significativamente para o
avanço da ciência”, afirmou.
Especialistas apontam aumento
de casos em pessoas mais jovens. Pasricha disse que homens relatam permanecer
mais tempo no banheiro do que o necessário ao usar smartphones. Segundo
pesquisa da YouGov, mais da metade dos adultos na Alemanha leva o celular para
o banheiro, percentual que supera 80% entre jovens de 25 a 34 anos. D’Amato
observou que “a idade média em que as hemorroidas aparecem pela primeira vez
está diminuindo”.
O hábito, porém, já era
observado antes dos smartphones. Pasricha afirmou que o problema surge quando
“a distração ofusca o verdadeiro motivo de ir ao banheiro – e você até se
esquece por que foi”. No estudo, usuários admitiram perder a noção do tempo e ficar
mais de cinco minutos no vaso várias vezes por semana.
Tappe disse ter dúvidas de que
o smartphone seja decisivo no desenvolvimento de hemorroidas dolorosas. “As
hemorroidas estão relacionadas aos movimentos intestinais e à alimentação”,
afirmou. Segundo ele, o esforço repetido pode favorecer o surgimento do
problema.


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