Em meio a uma infinidade de
conteúdos nas redes sociais, criminosos sexuais utilizam uma série de códigos
para se articular e promover o compartilhamento em série de conteúdo de
pedofilia.
Siglas como “CP”,
que significam “Child Porn” (pornografia infantil), e
variações como “Cheese Pizza”, “Club Penguin”, “Café
Preto”, são alguns dos códigos utilizados por esses abusadores.
Especialistas indicam, no
entanto, que a linguagem é alterada com frequência, de modo que o mais
importante é que os pais fiquem atentos a padrões de comunicação que aparecem
com regularidade e também ao comportamento dos filhos. Neste último caso, características
como reações agressivas quando os pais tentam acessar o celular ou computador
são um indicativo.
“O foco deve ser observar
sinais de alerta e contextos suspeitos, não decorar cada código”, explica
Michele Prado, pesquisadora do Núcleo de Prevenção à Violência Extrema (Nupve)
do Ministério Público do Rio Grande do Sul e fundadora da Stop Hate Brasil.
Na semana passada, o
influenciador Felca publicou um vídeo no qual fala sobre a
“adultização” de menores, que serve como chamariz para atrair pedófilos nas
redes sociais. Felca expôs ainda como o algoritmo das plataformas facilita a
disseminação desse tipo de conteúdo.
Algumas expressões mais comuns
podem servir de guia para responsáveis, mas pesquisadores e investigadores
concordam que não há um “guia de palavras” a ser usado.
Um dos exemplos frequentes na
comunicação de abusadores é a palavra “MAP”. A pesquisadora Michele
Prado explica que se trata da sigla de “Minor Attracted Person”, ou seja,
“Pessoa atraída por menor”, indicando pedofilia. Já a sigla “NP4NP” significa
“nude pic for nude pic”, ou seja, troca de fotos de nudez. A sigla “GNRN” é
uma ordem para que a pessoa fique nua naquele momento e envie conteúdos.
Há ainda códigos de alerta
entre os pedófilos para indicar a presença de pais ou responsáveis. Quando
utilizam “Cod 9″ ou “9″ é um indicativo de
que os pais da criança e do adolescente estão por perto. Esse código também é
utilizado pelas próprias vítimas para indicar a presença dos responsáveis.
“Os abusadores também podem
usar estratégias como love bombing, mandando presentes virtuais ou
físicos para conquistar confiança”, explica a pesquisadora.
Além da linguagem em códigos,
Michele Prado explica que os abusadores se infiltram em universos nos quais as
crianças estão, como grupos de fãs de artistas de K-pop, de cantoras pop,
bolhas online de fãs de futebol, entre outros.
Muitas vezes os criminosos
indicam na skin (a persona criada para jogar) de seus
personagens que consomem pedofilia. O Nupve do Ministério Público do Rio Grande
do Sul flagrou, por exemplo, avatares do jogo “Roblox” que utilizavam roupas
com a estampa “I love CP”
Michele Prado indica alguns
comportamentos que os pais devem observar:
- Verificar se há contas novas nas redes
sociais e plataformas em geral se aproximando dos menores.
- Observar convites frequentes para chats
privados.
- Estar atento a mensagens que mudam
rapidamente de tema.
- Identificar se os filhos estão recebendo
presentes virtuais ou físicos de desconhecidos.
- Observar se o filho está com cuidado
exagerado com o celular e se tem reações agressivas quando pais tentam
acessar aparelhos.
“Não é só pegar o celular do
filho. É preciso participar e conhecer os apps e jogos que
usam, conversar sem julgamento, criar confiança, estabelecer regras claras,
explicar riscos, ensinar privacidade e consentimento, monitorar o que consomem
e com quem interagem e criar resiliência digital”, explica Michele Prado.
Segundo ela, é importante
orientar crianças e adolescentes a não fornecer seu número de WhatsApp e outros
dados, e a não conversar com estranhos. A pesquisadora destaca ainda a
importância de incentivar o convívio social real para que os menores não fiquem
restritos ao mundo virtual.
Via: Estadão
Conteúdo


Nenhum comentário:
Postar um comentário