A esperança de encontrar
sobreviventes se esgotava neste domingo (26), depois que as equipes de resgate
retiraram vários corpos dos escombros de um prédio que desabou durante o forte
terremoto que atingiu o leste da Turquia, matando pelo menos 35 pessoas,
segundo informações da France Presse.
O terremoto atingiu a Turquia na sexta-feira (24), e o epicentro do
tremor foi no leste do país, na província de Elazig, a cerca de 550 km a leste
da capital Ancara. O terremoto de magnitude 6,8 atingiu a província de Elazig e
foi seguido por mais de 600 tremores secundários desde então. Em Sürsürü, bairro da
cidade de Elazig, três corpos sem vida foram encontrados nos escombros de um
prédio residencial. Quando souberam que um de seus entes queridos estava entre
as vítimas, algumas mulheres que esperavam nas proximidades caíram em lágrimas.
O ministro turco do Interior,
Süleyman Soylu, informou neste domingo que o número provisório de mortos é de
35 e mais de 1.600 feridos. Cem pessoas ainda estão hospitalizadas, incluindo
13 em estado grave. As equipes de resgate, que enfrentam um frio congelante,
recuperaram 45 pessoas vivas dos escombros desde a noite de sexta-feira. A emissora estatal TRT mostrou
imagens de dezenas de trabalhadores sob a luz do amanhecer de sábado usando pás
para desenterrar um prédio parcialmente desabado em Elazig. As janelas foram quebradas
e as varandas de pelo menos quatro andares caíram no chão. As equipes
trabalharam a noite toda com as mãos, brocas e escavadeiras mecânicas para
remover tijolos e gesso das ruínas da província, onde a temperatura da noite
caiu para -8 graus Celsius.
Perto do prédio de quatro
andares que desabou em Sürsürü, várias dezenas de pessoas aguardam ansiosamente
notícias de seus entes queridos presos sob os escombros. "É difícil, mas
precisamos ser pacientes", disse uma voluntária do Crescente Vermelho a uma
mulher sem notícias de sua prima que morava no prédio. "As pessoas presas
lá embaixo estão lutando, você tem que ser forte." Segundo o governo
turco, aproximadamente 2 mil resgatistas foram enviados às províncias de Elazig
e Malatya, que também foi afetada pelo sismo. Segundo as autoridades, mais de
15.000 pessoas estão abrigadas em ginásios e escolas, e mais de 5.000 tendas
foram instaladas na cidade para acomodar os moradores.
A cidade de Elazig,
cuja aglomeração tem cerca de 350.000 habitantes, incluindo uma grande
comunidade curda, é regularmente abalada por terremotos. A mídia estatal na
Síria e no Irã informou que o terremoto foi sentido nesses países. A mídia
local no Líbano disse que as cidades de Beirute e Trípoli também sentiram o
terremoto.
Luta contra o tempo
Porém, mais de 36 horas após o terremoto, e à medida que a temperatura cai abaixo de -10°C à noite, a esperança de encontrar sobreviventes diminui. Pressionados pelo tempo, os socorristas devem, no entanto, tomar cuidado para evitar o colapso dos escombros. Em Sürsürü, eles limpam os escombros, enquanto um cachorro fareja em busca de pistas. Segundo Soylu, seis pessoas ainda estão presas neste edifício.
"Se fosse verão, as pessoas poderiam resistir um pouco mais, sem dúvida. Mas é difícil pensar nisso com tanto frio. Deus os ajude", disse Hasan Duran, um aposentado. Este morador do bairro temeu por sua vida quando o terremoto ocorreu na sexta-feira. "O prédio balançava como um berço. Eu já experimentei vários terremotos, mas nunca nada parecido", acrescentou ele.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que visitou Elazig no sábado, disse neste domingo que "as medidas necessárias serão tomadas imediatamente (...) para garantir que ninguém fique desabrigado". O medo dos habitantes continua grande, em razão dos tremores secundários - mais de 600 desde sexta-feira à noite.
Muitos deles passaram mais uma noite fora, apesar do frio. "Nossos filhos têm medo, o moral deles é muito ruim", disse Esra Kasapoglu, que passou a noite em volta de uma fogueira na rua. Na noite de sexta-feira, o ministro do Interior, Suleyman Soylu, descreveu o terremoto como um incidente de "nível 3", de acordo com o plano de resposta a emergências do país, o que significa que pedia uma resposta nacional, mas não exigia ajuda internacional.
Equipes de emergência e equipamentos de resgate foram enviados de outras províncias para Elazig após o terremoto, com milhares de equipes de resgate e pessoal médico no local durante os esforços de resgate. A companhia aérea Turkish Airlines iniciou voos adicionais para Elazig a partir de Ancara e Istambul para ajudar no transporte das equipes de resgate.
A Autoridade de Emergência e Desastres da Turquia alertou os moradores para não voltarem aos edifícios destruídos devido ao perigo de novos tremores secundários. Ele disse que camas, cobertores e tendas estavam sendo enviados para a área, onde algumas pessoas se abrigavam em ginásios esportivos. O grupo de ajuda turca Kizilay também enviou alimentos, aquecedores e outros materiais para a região.
"Desejo a misericórdia de Deus para com nossos irmãos que perderam a vida no terremoto e a cura urgente para os feridos", disse o presidente Tayyip Erdogan no Twitter. Ele disse que seus ministros de Interior, Saúde e Meio Ambiente e Urbanização estavam na região para inspeções.
O ministro do Meio Ambiente e Urbanização, Murat Kurum, disse no sábado que cinco edifícios em Elazig desabaram no terremoto e que houve várias outras estruturas fortemente danificadas. Ele pediu aos moradores que evitem entrar em suas casas enquanto especialistas inspecionam os danos aos edifícios.
Outros terremotos
A Turquia tem uma história de terremotos poderosos. Mais de 17 mil pessoas foram mortas em agosto de 1999, quando um terremoto de magnitude 7,6 atingiu a cidade ocidental de Izmit, 90 km (55 milhas) a sudeste de Istambul. Cerca de 500 mil pessoas ficaram desabrigadas. Em 2011, um terremoto atingiu a cidade de Van e Ercis, no leste, a cerca de 100 km ao norte, matando pelo menos 523 pessoas.
Via: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário