Será que um vírus pode causar obesidade? É possível desenvolver tratamento com vacinas para tratar a doença? Soa esquisito? Não tanto, a ciência prova que a obesidade, em certos casos, pode ser contagiosa, como indica o cientista Nikhil Dhurandhar que pesquisa a indução de obesidade por infecção viral.
Os
resultados da última pesquisa de Dhurandhar que contempla 25 anos de revisão
sistemática da literatura e 41 estudos de são apresentados no simpósio,
“Obesidade por infecção, como prevenir”, no XXIII Congresso Brasileiro de
Nutrologia da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). “A
infecção por Ad36 é caracterizada por aumento da adiposidade (gordura corporal)
e inflamação”, comenta. Os resultados do estudo provam que a vacinação
profilática contra a infecção viral que induz o acúmulo de gordura corporal é
uma solução para tratar a doença. Os resultados também apontaram que melhora
substancial no índice glicêmico. “A pesquisa feita
com 1400 homens e mulheres expostos ao vírus AD36 comprovam um aumento substancial
na gordura corporal após 10 anos de acompanhamento”, explica.
Dhurandhar
descobriu o vírus AD36 e sua incidência na população obesa. Na Medicina a questão de infecção é muito discutida em doenças crônicas como
úlcera gástrica ou aterosclerose, por exemplo. No entanto, “infecção” é um
termo recente no campo da obesidade. “Existem
várias implicações baseadas nas informações geradas até agora para combater a
epidemia da obesidade, principalmente no desenvolvimento de vacinas para tratar
especificamente a população que carrega o gene Ad36”, explica. Para o médico
nutrólogo e presidente da ABRAN, Dr. Durval Ribas Filho, discutir o tema é
essencial para avançar no tratamento e no combate à doença. “Pesquisas
demonstram que o adenovírus 36, causador de gripes e resfriados, aumenta o
acúmulo de gordura nas células. A questão da relação da obesidade por infecção
é ainda pouco conhecida pela comunidade médica”, declara.
Outra
implicação importante é sobre o desenvolvimento de medicamentos antidiabéticos
“O gene E4orf1 do Ad36 foi identificado como responsável por um melhor controle
glicêmico. Em particular, seu efeito poupador de insulina94 é altamente
eficaz”, esclarece Dhurandhar. Um
estudo apontou que os adolescentes com sobrepeso e obesos tiveram 2,5 vezes mais
chance de terem sido infectadas com o vírus do que os jovens com peso normal.
Outra pesquisa da equipe de Dhurandhar apresentou ainda que 30% das pessoas
classificadas como obesas tinham traços do adenovírus 36 no organismo.
“A
possibilidade de uma infecção levando à obesidade deve remover a culpa e o
estigma sentidos por muitos pacientes que sofrem com a doença”, diz o
cientista. Ele ressalta que o importante é tratar a obesidade como uma doença
multifatorial. Já há vacinas em projetos científicos para prevenir a obesidade
induzida por Ad36.
Via: Correio da Amazônia
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