Pela
primeira vez, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e
Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), tiveram sucesso ao testar paracetamol -
analgésico com propriedades antitérmicas - em miniórgãos artificiais. Os
efeitos dão passo importante nas pesquisas para excluir uso de cobaias.
O
modelo artificial é produzido em laboratório com células humanas, em escala
micrométrica, e substitui intestino e fígado. A tecnologia tem potencial para
reduzir o número de cobaias usadas em testes e, até mesmo, substitui-las por
completo em 30 ou 40 anos.
"O que a gente conseguiu mostrar nesse estudo
inédito foi que o intestino artificial que a gente construiu em laboratório,
bem como o fígado, se comportaram de maneira semelhante ao corpo humano. Ou
seja, o nosso intestino conseguiu absorver o paracetamol e o fígado metabolizou
esse paracetamol e também demonstrou efeitos tóxicos do paracetamol, como
acontece no ser humano também", explica a pesquisadora Talita Marrin.
Os
órgãos foram conectados entre si por um fluxo sanguíneo e ligados a
equipamentos que reproduzem as condições fisiológicas do corpo humano. Em altas
concentrações, o paracetamol pode provocar lesões no fígado. Além de evitar que cobaias
possam ser usadas em testes de novos medicamentos, a tecnologia também permite
acelerar os estudos e obter resultados mais eficazes e mais confiáveis do que
os de pesquisas com os pequenos mamíferos. Os miniórgãos
reproduzem as funções biológicas e genéticas do organismo humano com muita
semelhança.
"Na linha de descobrimento e desenvolvimento
de fármacos, geralmente se começa os estudos com cinco a dez mil compostos, e
se leva de dez a 15 anos, se gasta de 1 a 3 bilhões de dólares. E no final
dessa linha, você põe somente um medicamento no mercado", afirma a
especialista. "Essa tecnologia que nós estamos implementando
e desenvolvendo tem esse intuito, de ser um teste mais robusto, diminuir o
custo do desenvolvimento de medicamentos e, ao mesmo tempo, ser mais ético,
porque reduz o número de animais".
O
próximo passo do estudo será testar outros medicamentos de efeitos bem
conhecidos no mesmo modelo.
G1
PUBLICIDADE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário