Ministério
Público Federal (MPF) denunciou o ex-deputado João Maia e mais 10 pessoas
investigadas por desvio de dinheiro em obras nas rodovias federais que cortam o
Rio Grande do Norte. De acordo com os investigadores, o susposto esquema reuniu
integrantes da Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transporte no Rio Grande do Norte e representantes de construtoras. Os
denunciados foram alvo da Operação
Via Trajana, iniciada no 31 de julho - um desdobramento da Operação
Via Ápia, de 2010.
João Maia foi
denunciado por peculato, corrupção passiva, associação criminosa, crimes contra
licitações e lavagem de dinheiro. “(...) pelos elementos colhidos por meio dos
acordos de colaboração celebrados e demais provas coligidas nessa fase da
investigação, verificou-se, a bem da verdade, que João da Silva Maia era o
verdadeiro chefe mor de todo o esquema de corrupção operado no Dnit/RN”,
destaca a denúncia do MPF.
Em nota, o deputado
afirmou que recebeu a informação da denúncia "sem nenhuma surpresa, mas
com profunda indignação" e disse que é inocente das acusações.
"Depois de 8 anos e uma recente busca e apreensão, eis que o Ministério
Público Federal anuncia que ofereceu denúncia em menos de um dia útil depois da
conclusão do inquérito policial que, por sua vez, foi concluído apressadamente
sem sequer ouvir parte dos investigados ou analisar o material apreendido,
demonstrando a pressa e a falta de cuidado com que se pretende levar a
situação", considerou o ex-deputado.
Além de João Maia, a ex-esposa e o ex-sogro, o sobrinho
dele, Robson Maia Lins, estão entre os denunciados. Conforme o MPF, a denúncia
é resultado de um trabalho conjunto da procuradoria com a Polícia Federal,
Controladoria Geral da União, Receita Federal e Tribunal de Contas da União, que
contribuíram com informações usadas para desvendar como funcionava o esquema de
corrupção no Dnit.
Segundo
o MPF, provas colhidas pelos investigados atestam que João Maia foi o principal
beneficiário e atuou desde o princípio, indicando seu sobrinho Gledson Maia
para a Chefia de Engenharia da autarquia e outro denunciado, Fernando Rocha,
para a Superintendência. Os dois seriam responsáveis por operar “troca de
favores” com as empresas. Gledson fechou acordo de delação premiada após a
Operação Via Ápia.
Ainda
conforme os investigadores, os três definiram que, do dinheiro obtido
ilegalmente, 70% iria para o parlamentar (parte do qual usado na campanha de
2010) e os demais 30% seriam repartidos entre os dois. A ex-esposa do deputado,
Fernanda Siqueira Giuberti Nogueira, e o ex-sogro, Fernando Giuberti Nogueira,
foram arrolados porque eram alguns dos responsáveis pelo recebimento da
propina.
Os
outros denunciados são o então assessor do deputado, Flávio Giorgi Medeiros
Oliveira, o “Flávio Pisca”; Paulo César Pereira (irmão do ex-ministro dos
Transportes Alfredo Nascimento); o engenheiro Alessandro Machado; além de
pessoas que ajudaram no recebimento de propina, como Wellington Tavares, Hamlet
Gonçalves e a ex-esposa e o irmão de Flávio Pisca, Cláudia Gonçalves Matos
Flores e Carlos Giann Medeiros Oliveira.
O
dinheiro, conforme o MPF, era entregue quase sempre em espécie e depositado
fracionado para tentar fugir dos mecanismos de controle. Outra forma de
pagamento se deu através de contratos de prestação de serviços fictícios,
informou o MPF.
Denunciados
João da Silva Maia – Peculato, corrupção passiva, associação
criminosa, crimes contra licitações; e lavagem de dinheiro.
Wellington Tavares – Corrupção passiva, associação criminosa e
lavagem de dinheiro.
Fernanda Siqueira Giuberti Nogueira – Corrupção passiva, associação criminosa e
lavagem de dinheiro.
Fernando Giuberti Nogueira – Corrupção passiva, associação criminosa e
lavagem de dinheiro.
Flávio Giorgi Medeiros de Oliveira – Corrupção passiva, associação criminosa e
lavagem de dinheiro.
Robson Maia Lins – Corrupção passiva, associação criminosa e
lavagem de dinheiro.
Paulo César Pereira – Corrupção passiva e associação criminosa.
Carlos Giann Medeiros Oliveira – Corrupção passiva e associação criminosa.
Hamlet Gonçalves - Corrupção passiva e associação criminosa.
Cláudia Gonçalves Matos Flores - Corrupção passiva, associação criminosa e
lavagem de dinheiro.
Alessandro Machado – Corrupção ativa e associação criminosa.
Portal G1 RN