Com
dificuldade de atrair outros partidos para sua chapa, Marina Silva buscou um
aliado fora da política tradicional: o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira
de Mello, nome defendido por líderes da Rede, como o senador Randolfe Rodrigues,
para ser o candidato a vice-presidente. Se Marina quiser, Bandeira de Mello
avisa que aceitará o posto.
“Agradeço
ao Randolfe, mas vou ajudar como a Marina preferir. Não acho o mais provável
(ser vice), porque a vaga pode ficar para um partido aliado, mas estou à
disposição para qualquer missão, até mesmo para não sair candidato e só ajudar
na campanha”, disse o presidente rubro-negro, rindo de um episódio ocorrido
quando se filiou à Rede e completou “Eu declarei, como agora, que vou fazer o
que a Marina mandar. Aí, as redes sociais dela foram inundadas de torcedores
dizendo ‘Marina, manda ele contratar um centroavante'”.
Se
virar o candidato a vice, não faltará afinidade de discurso. Instado a falar
sobre seu posicionamento político e ideológico, o que vinha evitando fazer como
dirigente esportivo, Bandeira de Mello dá opiniões alinhadas ao centrismo de
Marina, conjugando bandeiras progressistas com uma visão mais liberal da
economia.
“Tenho
preocupação com a questão social, com questões ligadas a direitos humanos e ao
meio ambiente. E não nego a força das leis do mercado. Não sou favorável a
Estado mínimo absoluto, mas a ação do Estado não necessariamente se dá através
da posse das ações ordinárias. A iniciativa privada é fundamental, e o Estado
estabelece as regras do jogo. E reforma da previdência não é questão
ideológica, é matemática”, opinou.
Como
Marina, Bandeira de Mello conta já ter votado no PT e no PSDB: “Votei no
Fernando Henrique nas duas vezes. Votei no Lula no 2º turno em 1989, e outras
vezes no PT, porque desde sempre votei no Gabeira. E votei na Marina nas
últimas”.
Por
enquanto, o administrador tem discutido estratégias e dado sugestões para a
elaboração do programa de governo de Marina. Os dois se conhecem desde que
Bandeira de Mello chefiou a área de meio ambiente do BNDES. Depois de se
aposentar, foi lançado em 2012 à presidência do Flamengo como candidato de um
grupo de empresários que entrou para a política rubro-negra.
Venceu
como “outsider”, mas logo rompeu com o grupo que o lançara. Foi reeleito em
2015 com apoio de uma leva de novos associados e também pela composição com
forças da velha política do clube. Arranjos em nome da governabilidade que
Marina, com uma base de apoios pequena, terá de fazer.
“Isso
não será problema para ela. Ela já se posicionou contra a reeleição, os
políticos sabem que não vai querer governar em proveito próprio”, disse.
A
entrada de Bandeira de Mello na política leva o noticiário sobre o Flamengo a
extrapolar as páginas esportivas mais uma vez. Em seu segundo mandato, o
presidente escalou o empresário Flávio Godinho como vice de futebol, segundo
cargo mais importante no clube. Ex-braço-direito de Eike Batista, ele foi preso
em janeiro de 2017, acusado de pagar propina ao esquema do ex-governador Sérgio
Cabral. Hoje, Godinho tem de cumprir recolhimento domiciliar noturno.
O Globo
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